II Copa Rio 1952
A II Copa Rio, verdadeiro Mundial Interclubes, torneio internacional patrocinado pela Confederação Brasileira de Desportos ( CBD ) e pela Prefeitura da Cidade foi realizada no Brasil, em julho de 1952.Os clubes participantes foram divididos em 2 grupos, um em São Paulo e outro na cidade do Rio de Janeiro.
Na segunda edição da Copa, o Palmeiras e o Vasco, foram substituídos pelo Corinthians e pelo Fluminense, campeões paulista e carioca de 1951, respectivamente.
Os 2 primeiros colocados de cada grupo ( série de classificação ), em sua sede, passariam para a fase semifinal e os vencedores realizariam a grande final no Maracanã.
Os dois grupos eram compostos:
São Paulo: S. C. Corinthians Paulista, Clube Libertad de Assunção, F. K. Áustria de Viena e o F. C. Saarebrucken da Alemanha.
Rio de Janeiro: Fluminense Football Club, C. A. Peñarol de Montevidéu, Sporting Club de Lisboa e o Grasshopper Klub da Suiça.
Os jogos do Fluminense
Nossa estréia no torneio ocorreu no dia 13 de julho de 1952, quando enfrentamos o Sporting. O campeão portugues ofereceu grande resistência ao esquadrão tricolor, que esbarrou nas grandes defesas do goleiro Carlos Gomes.
Ao final da partida, em pleno Maracanã, o 0 x 0 acabou sendo um justo resultado.
A equipe tricolor atuou com Castilho, Píndaro, Pinheiro, Jair, Édson, Bigode, Telê, Orlando (depois Robson), Carlyle (depois Marinho), Didi e Quincas.
O segundo confronto foi contra o Grasshopper (17 de julho), e a defesa suiça, muito bem postada com o chamado ferrolho, foi dura de ser vencida, o que provocou duras críticas à equipe tricolor.
Somente aos 78 minutos, num lance em que Marinho e Vilalobos disputaram juntos, Marinho acabou finalizando para o tricolor e nos deu a difícil vitória por 1 x 0.
A equipe formou com: Castilho, Píndaro, Pinheiro, Jair, Édson, Bigode, Lino (depois Telê), Orlando (depois Vilalobos), Marinho, Didi e Robson.
Já contra a equipe do Peñarol (20 de julho) o Fluminense foi brilhante, e a torcida tricolor vibrou com a grande apresentação. A equipe uruguaia com seu mais famoso jogador, Obdúlio Varela, foi massacrada por 3 x 0, gols marcados por Marinho aos 38 e aos 75 minutos, e de Orlando, há um minuto do final, convertendo um penalti sofrido por Marinho, em jogada violenta do uruguaio Davoine.
Nosso time atuou com: Castilho, Píndaro, Pinheiro, Jair, Édson, Bigode, Telê, Orlando (depois Vilalobos), Marinho, Didi e Robson.
Fomos enfrentar a equipe do Áustria (23 de julho), que tinha ficado em segundo lugar na chave paulista e veio ao Rio de Janeiro, para o jogo com o tricolor que era dirigido por Zezé Moreira.
Mais um jogo difícil e o resultado foi uma vitória magra, por 1 x 0, gol de Didi, cobrando falta aos 73 minutos.
Formamos com: Castilho, Píndaro, Pinheiro, Jair, Édson, Bigode, Telê (depois Robson), Orlando (depois Simões), Marinho, Didi e Robson (depois Quincas).
Em novo jogo contra o Áustria de Viena (27 de julho) outra grande apresentação, acontecia uma goleada tricolor, 5 x 2.
Nesta partida o grande Castilho sofria seu primeiro gol no torneio. Telê abriu a contagem aos 7. O Áustria empatou aos 10 e, aos 21, desempatou.
A virada tricolor começou com um gol de Orlando que empatou logo em seguida e, aos 40, virou o jogo para 3 x 2. Quincas ainda marcou aos 53 e novamente Orlando, aos 77 minutos sacramentava a goleada.
O Flu entrou em campo com: Castilho, Píndaro, Pinheiro, Jair, Édson, Bigode, Telê, Didi (depois Robson), Marinho (depois Simões), Orlando e Quincas.
Partíamos para a grande final contra o outro brasileiro, o Corinthians.
Na primeira partida (30 de julho), nosso tricolor venceu por 2 x 0, gols de Orlando de cabeça e Marinho. Na partida decisiva houve empate em 2 x 2 (2 de agosto), e que dava o título ao Fluminense Football Club.
Didi inaugurou o placar aos 10 e Jackson, pelo Corinthians empatou aos 57 minutos. Coube a Marinho o desempate aos 65 e quando os tricolores já comemoravam o título, faltando um minuto para o término da partida, Sousa empatou para a equipe mosqueteira.
Com o empate nos sagrávamos Campeões invictos da II Copa Rio.
Resumo da Campanha
5 vitórias, 2 empates, 0 derrotas, 14 gols a favor e 4 contra
Artilheiros: Marinho e Orlando, cada um com 5 gols
Os outros resultados
Fase preliminar
Peñarol 1 x 0 Grasshopper, Maracanã
Áustria 4 x 2 Libertad, Pacaembu
Corinthians 6 x 1 Saarebrucken, Pacaembu
Peñarol 3 x 1 Sporting, Maracanã
Áustria 5 x 1 Saarebrucken, Pacaembu
Corinthians 6 x 1 Libertad, Pacaembu
Sporting 2 x 1 Grasshopper, Maracanã
Libertad 4 x 1 Saarebrucken, Pacaembu
Corinthians 2 x 1 Áustria, Pacaembu
Corinthians 2 x 1 Peñarol, Pacaembu
Corinthians x Peñarol – WO a favor do Corinthians
O Fluminense já encaminhou a FIFA extensa documentação sobre a II Copa Rio, solicitando o reconhecimento
COMO SURGIU A COPA RIO EM 1951
Texto abaixo extraído do site "ranking de clubes Brasileiros"
Surge a idéia do
mundial interclubes
Apesar do
revés brasileiro no último jogo da Copa do Mundo, em 16 de Julho de
1950, que culminou com o bicampeonato uruguaio, o sucesso técnico e
financeiro da competição empolgou a Confederação Brasileira de
Desportos (CBD, atual CBF) e a FIFA, que imediatamente - mais
especificamente três dias após o encerramento do torneio - se reuniram
para discutir a possibilidade da criação de uma espécie de “Copa do
Mundo de Clubes”, algo inédito até então.
O jornal "A Gazeta
Esportiva" fez ampla cobertura desse encontro, que definiu os
membros participantes da chamada "Comissão Diretora do Primeiro
Torneio Internacional de Futebol", que seria coordenada por
Ottorino Barassi, secretário-geral/vice-presidente da FIFA e presidente
da Federação Italiana de Futebol - vale
destacar também que Barassi colaborou de maneira importante para a
fundação da poderosa confederação européia de futebol (UEFA).
Um dos
primeiros problemas levantados e solucionados sobre o certame foi o de
que o Brasil ainda não tinha um campeonato nacional para indicar um
representante para o torneio internacional, e também não seria possível
disponibilizar datas para a inclusão de uma nova competição no calendário
nacional. Então ficou definido pela recém-criada comissão que os
campeões estaduais de Rio de Janeiro e São Paulo seriam os
representantes do Brasil no campeonato mundial, que inicialmente tinha a
previsão de contar com a participação de 16 clubes.
Em Janeiro
de 1951, o "Jornal do Brasil" informa que Ottorino Barassi e
Stanley Rous (membros da FIFA e da Comissão do Torneio) vieram ao
Brasil para discutir com a CBD sobre o Campeonato Mundial de Futebol.
Entre outros assuntos abordados, o encontro também serviu para definir
que seriam oito os participantes do torneio, pois as dificuldades da época
com relação às viagens intercontinentais - que também atrapalhavam
as Copas do Mundo - tornavam inviável a reunião de um número maior de
equipes. Ainda no mesmo mês, o
jornal "O Globo Sportivo" destacou a notícia de que o
presidente da FIFA, Jules Rimet, concedia o apoio da entidade presidida
por ele ao torneio que a CBD almejava realizar no Brasil. A citada matéria
foi assinada pelo jornalista francês Albert Laurence, que à época era
integrante dos periódicos "L'Équipe" e "France
Football".
Em
Junho, para assegurar a qualidade técnica
das partidas, a FIFA e a CBD oficializaram a Superball, bola utilizada
na Copa do Mundo do ano anterior, como a bola oficial da competição
interclubes.
Imagens:
Felipe Virolli / RankingDeClubes.com.br
![](https://lh3.googleusercontent.com/blogger_img_proxy/AEn0k_tpDpIv4dBxhGKwFxhcrX-vjgoSyz2tfltk1cDqDusIVWwWuMOZvi0499C5PMZSTxhSo877Pv2rf2vBSH8jiJt0v8jucWPHYaCLkxz-JSFvaBuGy87ek-IPoGU=s0-d)
Legenda da foto à direita: A CBD e a FIFA, repetindo a decisão da Copa do Mundo, oficializaram a SUPERBALL para a Copa Rio. E para atender ao seu regulamento, lá se foi Maurício Fucks para pesar e medir as pelotas SUPERBALL, e a elas colocar a sua assinatura, dizendo: OK.
Legenda da foto à direita: A CBD e a FIFA, repetindo a decisão da Copa do Mundo, oficializaram a SUPERBALL para a Copa Rio. E para atender ao seu regulamento, lá se foi Maurício Fucks para pesar e medir as pelotas SUPERBALL, e a elas colocar a sua assinatura, dizendo: OK.
Critérios
de participação
Embora ainda não existissem competições que pudessem ser
utilizadas como “eliminatórias” para o mundial interclubes,
a organização do torneio - composta por membros da FIFA e da
CBD - decidiu convidar os clubes campeões nacionais das
principais potências futebolísticas da época. Curiosamente, o
Brasil ainda não tinha
um campeonato nacional. Por este motivo, ficou estabelecido que
os campeões dos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo,
cujos torneios eram considerados os mais fortes do país, seriam
os representantes brasileiros. Vale destacar que tanto o Vasco
da Gama quanto o Palmeiras
não foram simplesmente convidados. Ambos os torneios estaduais
- que garantiam as vagas brasileiras no torneio - não haviam
sequer começado, ou seja, poderiam ser outros os clubes
representantes brasileiros. Mas
enfim, resumidamente, foi desta forma que nasceu o Torneio
Internacional de Clubes Campeões, que por contar com o
patrocínio da prefeitura do Rio de Janeiro, também ficou
conhecido como “Copa Rio” - assim como algumas edições da
Copa Intercontinental e da própria Copa do Mundo de Clubes da
FIFA são chamadas de "Copa Toyota".
|
O primeiro
mundial interclubes
Apesar das
mesmas dificuldades com relação às viagens intercontinentais, a ideia
foi bem aceita pela maioria dos clubes importantes inicialmente
selecionados e poucas foram as recusas em participar da competição
interclubes, diferentemente do que ocorrera em todas as edições do
mundial de seleções disputadas até então, inclusive a realizada no
mesmo Brasil, no ano anterior. Portanto, mesmo considerando a
possibilidade de uma ou outra ausência - algo comum nas Copas do Mundo
-, a competição disputada no Brasil, com toda a estrutura da mais
recente Copa do Mundo, foi criada com o explícito objetivo de dar ao
seu vencedor o título de campeão do mundo - como nos mostra o
regulamento do próprio torneio.
Imagem:
Felipe Virolli / RankingDeClubes.com.br
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Além
disso, foi esta a repercussão (de campeonato mundial) que a conquista
do Palmeiras
teve na época, conforme você pode ver nas imagens abaixo. Sendo assim,
consideramos o Palmeiras
como o primeiro clube campeão mundial da história do futebol.
Clique nas imagens para ampliá-las.
Reconhecimento
Em 2001, aproveitando o momento de festividade pela comemoração dos 50 anos da conquista, a diretoria do Palmeiras buscou a preparação de um dossiê, para que a FIFA reconhecesse o Torneio Internacional de Clubes Campeões como um campeonato mundial sob sua chancela. O dossiê foi entregue e, em Março de 2007, a entidade máxima do futebol reconheceu a legitimidade da competição, através de um ofício enviado à CBF.
Em 2001, aproveitando o momento de festividade pela comemoração dos 50 anos da conquista, a diretoria do Palmeiras buscou a preparação de um dossiê, para que a FIFA reconhecesse o Torneio Internacional de Clubes Campeões como um campeonato mundial sob sua chancela. O dossiê foi entregue e, em Março de 2007, a entidade máxima do futebol reconheceu a legitimidade da competição, através de um ofício enviado à CBF.
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Com essa decisão favorável à solicitação palmeirense,
alguns clubes - principalmente brasileiros - se sentiram no
direito de reivindicar o reconhecimento de títulos e passaram a
pressionar a FIFA por conta de outros torneios - inclusive
amistosos.
Incomodada com a situação de tumulto criada pelos clubes, a entidade máxima do futebol se pronunciou em 15 de Dezembro do mesmo ano, afirmando que o seu Comitê Executivo "aprovou a idéia de que a primeira edição das competições interclubes realizadas pela FIFA foi em 2000, no Brasil, e que os demais torneios, incluindo Copa Rio e Copa Intercontinental, não são considerados eventos oficiais da FIFA."
Com este comunicado oficial, a FIFA se eximiu de qualquer responsabilidade ou questionamento referente a competições anteriores, mas não "retirou" suas oficializações perante as respectivas entidades organizadoras - CBD no caso da Copa Rio e UEFA/CONMEBOL no caso da Copa Intercontinental.
Incomodada com a situação de tumulto criada pelos clubes, a entidade máxima do futebol se pronunciou em 15 de Dezembro do mesmo ano, afirmando que o seu Comitê Executivo "aprovou a idéia de que a primeira edição das competições interclubes realizadas pela FIFA foi em 2000, no Brasil, e que os demais torneios, incluindo Copa Rio e Copa Intercontinental, não são considerados eventos oficiais da FIFA."
Com este comunicado oficial, a FIFA se eximiu de qualquer responsabilidade ou questionamento referente a competições anteriores, mas não "retirou" suas oficializações perante as respectivas entidades organizadoras - CBD no caso da Copa Rio e UEFA/CONMEBOL no caso da Copa Intercontinental.
Nova
tentativa e, enfim, o definitivo reconhecimento
Por
conta dos preparativos e da realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, o
assunto voltou à pauta da FIFA, que havia estreitado seu
relacionamento com a CBF e com o governo brasileiro. Aldo
Rebelo, então ministro dos esportes e palmeirense declarado,
pediu à FIFA para que reconsiderasse o reconhecimento da Copa
Rio de 1951 como o primeiro campeonato mundial de clubes da
história. A entidade máxima do futebol ficou de analisar o
pedido do ministro.
Assim como já havia acontecido em 2007, em
Abril de 2013, um ofício assinado por Jérôme Valcke,
secretário-geral da FIFA, confirmou a "Copa Rio" de
1951 como a primeira Copa do Mundo de Clubes já realizada.
Imagem:
Felipe Virolli / RankingDeClubes.com.br
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Já em Junho de
2014, em reunião de seu Comitê Executivo, a FIFA oficialmente
decidiu, de maneira definitiva, que "o torneio entre clubes europeus e
sul-americanos vencido pelo Palmeiras em 1951 foi o primeiro
campeonato mundial de clubes". A informação, desta vez, consta na ata
da reunião da entidade, que foi enviada ao governo brasileiro
em Novembro de 2014, quando ficou confirmado e documentado o
reconhecimento, que já havia sido antecipado em entrevistas
pelo próprio presidente da FIFA, Joseph Blatter, e pelo
secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke.
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Cópia
da ata original (em inglês). O Ranking de Clubes Brasileiros
foi o primeiro site a divulgar, com exclusividade, a
documentação.
Tradução
da ata da FIFA que reconhece oficialmente a Copa Rio de 1951
como o primeiro mundial de clubes da história.
Testemunha
ocular do torneio e favorável ao reconhecimento, o renomado jornalista Claudio Carsughi,
correspondente do diário italiano "Corriere dello
Sport" nos anos 50, disse ao RCB que a Copa Rio de 1951 teria
sido mais facilmente
diplomada como a primeira Copa do Mundo de Clubes pela FIFA, se
existisse essa preocupação na época em que foi disputada.
"Nenhum dirigente brasileiro se preocupou em oficializar a
Copa Rio (como um evento da FIFA) porque era indiscutível o valor
do torneio e o apoio concedido pela entidade naquela época. Não
havia essa necessidade. E isso teria sido muito fácil,
principalmente pelo fato de ter contado com a presença de
Ottorino Barassi, vice-presidente da FIFA, na organização."
Mais fácil ou não, fato é que, 63 anos
depois, a FIFA enfim reconheceu de maneira definitiva o Torneio Internacional de
Clubes Campeões (Copa Rio) de 1951 como o primeiro campeonato
mundial de clubes da história.
II COPA RIO 1952
A antecipação e
realização da segunda edição
Conforme o
Artigo 1º do "Regulamento do Torneio de Foot-Ball de Campeões do
Mundo", o certame seria realizado pela CBD, nos mesmos moldes, de
dois em dois anos ou de quatro em quatro anos, a partir de 1951.
Ottorino Barassi chegou a declarar publicamente que pensava em levar a
disputa para a Itália - algo que a CBD prontamente rejeitou.
No
entanto, em 20 de Janeiro de 1952, o Fluminense,
que completaria 50 anos meses depois, sagrou-se campeão carioca de
1951. Com o feito, a diretoria tricolor, que já havia elaborado um
estudo com a ideia da antecipação - desde que se sagrasse campeão
estadual e que os demais clubes concordassem com a iniciativa -, passou
a pressionar a CBD para antecipar e organizar a competição naquele
ano, até porque era o atual campeão estadual e, “teoricamente”,
teria direito a participar do mundial - também seria uma forma de
comemorar em grande estilo o seu cinquentenenário.
A CBD
sucumbiu - em partes - à pressão do clube carioca, aceitando antecipar
e organizar
a competição, mas se
isentando de qualquer responsabilidade econômica sobre o evento, que seria
exclusivamente por conta e risco do Fluminense ,
neste quesito. Vale ressaltar que, na época, o Tricolor das Laranjeiras era apontado como um exemplo de organização
administrativa no mundo - inclusive, recebeu a famosa Taça Olímpica,
em 1949.
A FIFA, que estava às vésperas de uma eleição, foi
comunicada, não se opôs de maneira formal com relação à antecipação
do torneio, mas também não o apoiou de modo oficial e comprovado, como
no ano anterior - talvez por isso a entidade máxima do futebol até
hoje nunca tenha se posicionado quanto ao dossiê entregue pelo Fluminense,
solicitando o mesmo reconhecimento do torneio como mundial, assim como
conseguiu o Palmeiras com relação à
edição de 1951. No entanto, vale ressaltar que, na época, quando questionados publicamente, os dirigentes da FIFA
sempre se mostravam simpáticos quanto às pretensões da CBD e do Fluminense.
Desta
forma, sem o
apoio efetivo de membros da FIFA, aliado à repentina antecipação e
pressa na sua realização - além de alguns entraves burocráticos que
colocaram a disputa em risco por mais alguns meses -, o torneio não
teve o mesmo impacto do ano anterior. Inclusive, isso se refletiu até
mesmo no nível técnico dos participantes - como a competição não
estava prevista para este ano de 1952, alguns clubes importantes não
puderam participar, pois já estavam comprometidos com outros torneios.
Mesmo
assim, a CBD e, principalmente, o Fluminense ,
conseguiram, com muitas dificuldades, reunir oito clubes
- alguns deles acabaram terminando como vice-campeões em seus países - para a disputa da
segunda edição do Torneio Internacional de Clubes, que passou a se
chamar oficialmente de "Copa Rio" ou "II Copa Rio".
Para garantir a imparcialidade e o caráter oficial da competição,
foram trazidos árbitros internacionais para apitar os jogos, da mesma
forma que no ano anterior.
De modo
geral, embora esta competição tenha ficado um pouco distante da
primeira edição em vários aspectos, nossas pesquisas indicam que
trata-se da segunda edição do mesmo torneio. Portanto, utilizando-se do mesmo critério aplicado
em outros casos, de outras competições consideradas no RCB
- inclusive da Copa Intercontinental, que teve algumas edições com um
impacto menor, até mesmo proporcionando um título mundial ao Atlético
de Madrid, que era vice-campeão europeu em 1974 -, consideramos o
Fluminense como o legítimo campeão mundial de 1952 - até porque não
havia no planeta outra competição oficial que desse ao seu vencedor
este mesmo título de campeão mundial.
Torneios semelhantes
Após
enfrentar muitas dificuldades para realizar a Copa Rio de
1952, o conselho técnico da CBD se posicionou publicamente, informando
que a edição de 1953 não aconteceria - pois havia sido antecipada - e
que o torneio passaria a ser disputado de quatro em quatro anos, ficando
entrosado à Copa do Mundo, Olimpíadas e à Taça Brasil , que estava em vias de aprovação na FIFA - tal aprovação
ocorreu ainda em 1952, ficando a CBD responsável por organizar o
referido campeonato nacional a partir de
1955. No entanto, por conta de diversos motivos, a CBD não iniciou a
disputa da Taça Brasil em 1955 e,
consequentemente, não conseguiu realizar a terceira edição da Copa
Rio, prevista para 1956.
Com relação aos outros
certames internacionais, em 1953 foi organizado um novo torneio no
Brasil, com outro nome e formato - Torneio Octogonal Rivadavia Corrêa
Meyer -, de caráter comprovadamente amistoso e que de internacional não
tinha quase nada. Por estes motivos, tal competição não é
considerada no ranking, assim como outros torneios amistosos,
organizados por clubes e/ou empresários, tais como o Torneio
Internacional Charles Miller - também disputado no Brasil, em 1955 -, a
Pequena Taça do Mundo da Venezuela, o Torneio de Paris, entre outros.
Vale ressaltar que todas estas competições amistosas citadas foram
devidamente pesquisadas e não podem ser equiparadas aos campeonatos
mundiais - aliás, independentemente do âmbito de disputa, competições
amistosas não são consideradas no RCB.
Enquanto
isso, na Europa, Ottorino Barassi realizava os últimos ajustes para lançar,
em 1955, a Taça dos Clubes Campeões Europeus (atual UEFA Champions
League ou Liga dos Campeões da Europa), baseada no Campeonato Sul-Americano de Campeões de 1948(a “primeira” Copa Libertadores
da América) e no Torneio Internacional de Clubes Campeões de 1951 (a
“primeira” Copa do Mundo de Clubes), do qual Barassi participou
ativamente da organização.
Com o
sucesso do torneio continental europeu, aliado às dificuldades
na adequação de calendários, além das cansativas viagens, os
principais clubes do mundo - principalmente os europeus - perderam o
interesse nas disputas de âmbito mundial - este foi mais um motivo que
fez a CBD desistir de realizar, em 1956, a terceira edição do Torneio
Internacional de Clubes, no Rio de Janeiro.
FLU SE ESPELHA NO PALMEIRAS E BUSCA RECONHECIMENTO DE TÍTULO MUNDIAL
Fonte: Uol Rodrigo Paradella 28/08/2014
Animado com o reconhecimento recente da Fifa da Copa Rio de 1951 como "primeira competição de abrangência mundial", o Fluminense busca para si o mesmo status conquistado pelo Palmeiras diante da entidade máxima do futebol mundial. O Tricolor venceu o mesmo torneio um ano depois, quando derrotou o Corinthians no confronto decisivo, em agosto de 1952.
O Palmeiras é o espelho justamente porque ganhou a mesma competição um ano antes e pelo seu sucesso em reunir um dossiê pedindo o reconhecimento da Fifa. A entidade admitiu o título "a nível mundial" em comunicado ao UOL Esporte no começo de agosto.
O próprio Fluminense se comparou ao Palmeiras ao parabenizar o time paulista pelo centenário na última terça-feira. Em seu Twitter, o Tricolor ressaltou a luta pelo reconhecimento, mas acabou condenado por parte dos internautas
"Parabéns pelo centenário, @SEPalmeiras! Estamos juntos na torcida pelo reconhecimento do título Mundial!", postou o perfil oficial do Fluminense.
A forma de disputa da segunda edição foi bastante parecida com a do ano anterior, com dois grupos divididos em jogos no Rio de Janeiro e em São Paulo, com as finais na cidade carioca. Fluminense e Corinthians participaram por terem sido os campeões estaduais de 1951, já não existia um Campeonato Brasileiro à época.
O Fluminense foi campeão invicto do torneio, que ainda teve a participação do Peñarol-URU, com uma de suas maiores equipes, com Ghiggia, carrasco brasileiro da Copa do Mundo de 1950, e o ídolo Obdulio Varela. Também foram rivais na fase de grupos o campeão português Sporting Lisboa e o Grasshopper, da Suíça. Já o Áustria de Viena foi rival batido nas semifinais.
A diretoria tricolor já se movimenta para enviar documentos em breve à Fifa pelo reconhecimento. A preocupação, no entanto, é que o pedido não falhe como o anterior, realizado em 2008 com o uso do ex-presidente da entidade máxima do futebol João Havelange, torcedor ilustre do Tricolor.
A busca pelo reconhecimento do título mesmo 62 anos depois segue a mesma lógica do caso do título da Copa Roberto Gomes Pedrosa de 1970, que ganhou status de Campeonato Brasileiro em dezembro de 2010. Hoje, o Tricolor contabiliza em quatro suas conquistas nacionais (1970, 1984, 2010 e 2012).
Em seu site oficial, o Fluminense já classifica a Copa Rio de 1952 como Mundial Interclubes daquele ano. O Tricolor também exalta a participação de ídolos do Tricolor como Didi, Castillo e Telê Santana. O que o clube das Laranjeiras quer, agora, é poder chama-los oficialmente de campeões mundiais.
FLU SE ESPELHA NO PALMEIRAS E BUSCA RECONHECIMENTO DE TÍTULO MUNDIAL
Fonte: Uol Rodrigo Paradella 28/08/2014
Animado com o reconhecimento recente da Fifa da Copa Rio de 1951 como "primeira competição de abrangência mundial", o Fluminense busca para si o mesmo status conquistado pelo Palmeiras diante da entidade máxima do futebol mundial. O Tricolor venceu o mesmo torneio um ano depois, quando derrotou o Corinthians no confronto decisivo, em agosto de 1952.
O Palmeiras é o espelho justamente porque ganhou a mesma competição um ano antes e pelo seu sucesso em reunir um dossiê pedindo o reconhecimento da Fifa. A entidade admitiu o título "a nível mundial" em comunicado ao UOL Esporte no começo de agosto.
O próprio Fluminense se comparou ao Palmeiras ao parabenizar o time paulista pelo centenário na última terça-feira. Em seu Twitter, o Tricolor ressaltou a luta pelo reconhecimento, mas acabou condenado por parte dos internautas
"Parabéns pelo centenário, @SEPalmeiras! Estamos juntos na torcida pelo reconhecimento do título Mundial!", postou o perfil oficial do Fluminense.
A forma de disputa da segunda edição foi bastante parecida com a do ano anterior, com dois grupos divididos em jogos no Rio de Janeiro e em São Paulo, com as finais na cidade carioca. Fluminense e Corinthians participaram por terem sido os campeões estaduais de 1951, já não existia um Campeonato Brasileiro à época.
O Fluminense foi campeão invicto do torneio, que ainda teve a participação do Peñarol-URU, com uma de suas maiores equipes, com Ghiggia, carrasco brasileiro da Copa do Mundo de 1950, e o ídolo Obdulio Varela. Também foram rivais na fase de grupos o campeão português Sporting Lisboa e o Grasshopper, da Suíça. Já o Áustria de Viena foi rival batido nas semifinais.
A diretoria tricolor já se movimenta para enviar documentos em breve à Fifa pelo reconhecimento. A preocupação, no entanto, é que o pedido não falhe como o anterior, realizado em 2008 com o uso do ex-presidente da entidade máxima do futebol João Havelange, torcedor ilustre do Tricolor.
A busca pelo reconhecimento do título mesmo 62 anos depois segue a mesma lógica do caso do título da Copa Roberto Gomes Pedrosa de 1970, que ganhou status de Campeonato Brasileiro em dezembro de 2010. Hoje, o Tricolor contabiliza em quatro suas conquistas nacionais (1970, 1984, 2010 e 2012).
Em seu site oficial, o Fluminense já classifica a Copa Rio de 1952 como Mundial Interclubes daquele ano. O Tricolor também exalta a participação de ídolos do Tricolor como Didi, Castillo e Telê Santana. O que o clube das Laranjeiras quer, agora, é poder chama-los oficialmente de campeões mundiais.
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