segunda-feira, 23 de novembro de 2015

CT do Fluminense FC

Barganha e voluntários: Fluminense promete CT muito mais barato e com prazo adiantado

 

Caio Blois, do Rio de Janeiro (RJ), para o ESPN.com.br
Caio Blois/ESPN.com.br
Pedro Antônio no CT do Fluminense, na Barra da Tijuca
Pedro Antônio no CT do Fluminense, na Barra da Tijuca
O plano do CT do Fluminense parecia nunca sair do papel. Após anos de espera, tudo começou a mudar quando, em acordo com a Prefeitura do Rio, o clube conseguiu um terreno na Barra da Tijuca. O sonho da torcida e do presidente Peter Siemsen teve um grande aliado para virar realidade: o empresário e tricolor Pedro Antônio Ribeiro.
Em entrevista exclusiva ao ESPN.com.br, do alto de uma montanha de areia - perfeita para o campo e comprada em ótimo preço, segundo ele -, o vice-presidente de Projetos Especiais garantiu que a obra está adiantada, deu prazo mais otimista e prometeu que o custo estimado será reduzido em mais da metade: de R$ 45 milhões para R$ 20 milhões.
Em um país contaminado pelo superfaturamento de obras, que atrasam e às vezes sequer saem do papel, o Fluminense caminha no sentido contrário. Pelo menos essa é a promessa do responsável pelo Centro de Treinamento. E isso, em grande parte, é graças ao esforço do vice. Otimista, ele garantiu que a obra está andando mais rápido do que o esperado e ainda garantiu o corte na previsão financeira. Além de tocar a obra, é ele quem cede o dinheiro destinado para a construção, que será pago com correção sobre a taxa SELIC ao fim do projeto.
"A construção será antecipada para o dia 1º de novembro. Ali já vamos bater estacas, já começa a produção. A torre ali na frente também, em paralelo seguiremos construindo. Os campos, começando em novembro, estarão prontos no máximo em março, isso sendo muito pessimista. Depois do plantio, em 90 dias, o campo já deve estar pronto. A construção integral do CT, que custaria R$ 45 milhões quando anunciei o projeto, deve, sem a construção da torre, chegar na fase inicial de uso, com o CT já em funcionamento, abaixo dos R$ 20 milhões, em um tempo que as obras só atrasam e aumentam de valor", garantiu Pedro Antônio.
Mas qual a explicação para o CT do Fluminense sair assim tão mais barato do que o previsto? As barganhas a que se refere o dirigente vêm das mais variadas formas. O Fluminense tem tocado com maestria o plano de mudança do futebol tricolor.

"A gente já economizou R$ 12 milhões entre negociações, boas oportunidades de compra, doações, etc. Vamos ter 9600 m² de construção, temos estimado de aterro 240 mil m², já estamos com mais de 11 mil caminhões de aterro colocados, construções de rua... Financeiramente, o aterro, que seria estimado em mais ou menos R$ 25 milhões, nós devemos gastar menos de R$ 4 milhões", explicou.
Além disso, descontos e a ajuda de outros tricolores parceiros para a construção do CT têm ajudado bastante, tanto no andamento da obra como na parte financeira.

"Nesse momento a gente teve basicamente duas empresas dando descontos. Torcedores que nunca tinham feito trabalho para o Fluminense. Nenhum parceiro do CT era parceiro do clube, até porque o Flu não faz obras. O grande desafio será na parte da construção. A gente vai contratar uma construtora para fazer a obra, assumiremos o encargo da compra de materiais. Muitos tricolores poderão doar ou fazer descontos enquanto empresas, o que uma construtora compra em condições normais dificilmente vai acontecer. Estamos fazendo as definições técnicas para o processo de licitação para as construtoras que vão fazer a torre e outras fundações. Hoje somos seis empresas fazendo projetos paralelos. Financeiramente está tudo viabilizado. O custo de projeto não é barato, mas não é inviável", declarou.
Programa de voluntariadoE para reduzir ainda mais os custos da obra, a ideia do Tricolor das Laranjeiras é pioneira. Após observar a vontade de participar de muitos tricolores, Pedro Antônio, junto à diretoria, deve emplacar nos próximos meses um programa de voluntariado."Mais para a frente vamos começar um programa de voluntariado, tanto na parte da obra como administrativa, estamos precisando de gente. A gente vai fazer um projeto, um documento junto ao departamento jurídico para estabelecer as normas, conseguir no início algumas pessoas pontualmente de acordo com as necessidades. Será necessário contar com mais pessoas, e garanto que não vão faltar tricolores para ajudar", projetou.
Aos 62 anos e com larga experiência no mundo empresarial, o gaúcho de Pelotas Pedro Antônio injetou muito mais do que dinheiro nas obras. Toda e qualquer explicação sobre o CT é acompanhada de brilho nos olhos e muita didática, com riqueza de detalhes.  Antigo dono do Banana Golf, o primeiro terreno onde o Flu vislumbrou construir suas instalações de futebol, ele contou como se aproximou do plano e fez da obra o seu sonho.
Caio Blois/ESPN.com.br
CT Fluminense
As obras do CT do Fluminense estão adiantadas
 "Meu envolvimento com o CT começou quando o Peter foi visitar o meu terreno, o Banana Golf, para comprar. Fizemos todas essas contas de construção, já tínhamos a estrutura de instalações, ali em seis meses poderíamos ter um centro de treinamentos. Mas o Fluminense não tinha condições, tinha um passivo muito grande. Eu vi a obstinação do presidente. Não conhecia ele, mas daí a frente passamos a nos falar muito. Um dia, eu fui direto: 'acho que o departamento de futebol começar a pensar nisso não vai dar', imagina, fazer futebol e ainda pensar em CT? Não tem nem conhecimento para isso. Aí o presidente falou: 'Se depender de mim, começa agora!'", lembrou.
"Tem gente que não sabe, mas subir aqui, olhar esse visual, é uma emoção incrível, uma alegria muito grande. Quando você passa a fita em primeiro na maratona é feliz, mas só o maratonista sabe o quanto ele correu, se preparou, abdicou de outras coisas, enfim. Ontem mesmo trabalhei em casa, Peter viu o jogo comigo e depois de ele ir embora fiquei vendo mais coisas", se derreteu.
Caio Blois/ESPN.com.br
CT do Fluminense ficará pronto antes do combinado e com preço mais barato
CT do Fluminense ficará pronto antes do combinado e com preço mais barato
Diariamente, Pedro Antônio visita o terreno e trabalha. Muito. Mas nada parece tão difícil para o empresário que se solidificou com o mundo dos computadores e softwares na década de 1980 e hoje é dono de uma companhia de táxi aéreo. Só a guerra contra os mosquitos.

"Não tem difícil. As coisas difíceis demoram um pouquinho. Impossível demora mais. E o impossível não existe para o Fluminense. Não tem impossível. O mais difícil é ficar aqui de noite, tem muito mosquito (risos). Eu tomo remédio em função de problemas cardíacos, então todo dia na minha cama tem marca de sangue, parece cama de hospital, tenho que mudar sempre os lençóis (risos)", disse.
Fluminense FC
Prédio que abrigaria a parte administrativa do clube no novo CT
Prédio que abrigaria a parte administrativa do clube no novo CT
Para o futuro, ele não vislumbra participações grandes na política, no futebol ou nenhum reconhecimento extra. O objetivo é mais simples.

"Estarei aqui até o ultimo dia e depois só quero sentar numa cadeira de balanço e assistir os treinos", brincou.
Fluminense FC
Projeto do Centro de Treinamento do Fluminense
Projeto do Centro de Treinamento do Fluminense
Ao ser questionado sobre o nome que será dado ao CT, Pedro preferiu sair pela tangente.
"Eu não quero ser tachado como mecenas. Nem comparado ao Dr. Celso. O nome do CT vai caber ao presidente, à torcida. Se conseguirmos nomear as ruas no entorno, com nome de Oscar Cox e outros da história tricolor já seria fantástico. Não preciso ser reconhecido além do que qualquer tricolor seria".

E sobre o próximo desafio, o vice não titubeou: um estádio. Mas esse, segundo ele, não é um objetivo próximo de se concretizar.
"Claro que é o estádio. Mas melhor a gente ficar calado sobre esse assunto (risos). Queremos ter um alçapão, mas esse não é o momento, está distante. Nossa história é muito longa, mas o intervalo com certeza tem que ser reduzido drasticamente, não pode ser de 100 em 100 anos para mudarmos nossa estrutura. Com certeza vou ver esse estádio pronto com o Fluminense jogando lá. E vencendo!", vislumbrou.
Caio Blois/ESPN.com.br
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Após iniciar construção do CT, Peter sonha com arena nas Laranjeiras

Presidente do Flu reconhece que voltar a receber jogos no clube é um desafio ainda distante, mas que mudança do local de treinos será um pontapé inicial

 Fonte: Globo.com

O início do projeto de construção do centro de treinamento do Fluminense, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, pode ser o pontapé inicial para outro desejo da torcida tricolor começar a sair do papel: a transformação das Laranjeiras em uma arena para voltar a receber jogos oficiais.
O presidente Peter Siemsen já encomendou um estudo de viabilidade, mas as dificuldades são grandes e variadas. O estádio é tombado pelo patrimônio histórico e o segundo andar da arquibancada está condenado. Além disso, fora a verba que seria necessária, o clube ainda dependeria de liberação dos órgãos governamentais, que analisariam, entre outras coisas, o impacto no trânsito.
- Certamente não é algo para este meu mandato, é para a próxima diretoria. É preciso pensar com carinho no que será feito. O sonho é ter um estádio, uma arena de menor porte. Cairia bem para o clube, mas o desafio é muito grande. Temos um projeto bonito em parceria com uma empresa americana, mas o grau de dificuldade é grande. Dependemos de órgãos públicos, patrimônio histórico... É um desafio enorme, mas importante. A ida do time para o CT é fundamental, senão não adiantaria discutir nada disso - disse o mandatário tricolor ao GloboEsporte.com.
 
O sonho é ter um estádio, uma arena de menor porte. Cairia bem para o clube, mas o desafio é muito grande.
Peter Siemsen, presidente do Flu
 Na apresentação do terreno em que será erguido o CT do Flu, na quinta-feira, chamou atenção o fato de Pedro Antonio, vice de projetos de especiais, ter dito que vai custear a construção, que tem como orçamento total cerca de R$ 45 milhões - R$ 8 milhões nesta fase inicial de preparação do solo. Peter Siemsen esclareceu que a verba é um empréstimo, que será pago com correção na taxa Selic.
- O Fluminense está investindo no CT através do vice de projetos especiais Pedro Antonio, mas trata-se de um financiamento, não tem ninguém dando o dinheiro, não tem mecenas. Ele está viabilizando. o clube só poderia fazer a obra a partir da receita da venda de atletas, etc... Seria uma obra de vários anos. O Pedro realmente tem feito um trabalho excepcional. O Fluminense vai reembolsá-lo do valor corrigido com taxa Selic. É um importante esclarecimento. Vimos que ficou uma certa dúvida sobre isso. A grande doação dele tem sido o tempo e conhecimento.
O presidente tricolor disse ainda que há o desejo de realizar ações de marketing para envolver os sócios-torcedores na construção do CT quando as obras saírem da fase de preparação do terreno.
- Vai ser fundamental. Nesta primeira fase estamos fazendo com o financiamento do Pedro, mas vai chegar o momento em que vamos fazer o lançamento da campanha. Certamente vamos contar com nosso sócio-torcedor, que vai participar diretamente dessa realização.
Animado com o início da realização de uma de suas promessas, Peter disse estar orgulhoso desta e de outros feitos que considera um legado de seu mandato, que se encerra em 2016.
- Tem muitas coisas que eu me orgulho. Uma delas é a democratização do clube, que tinha uma política mais fechada, com poucos sócios. Hoje o quadro é diferente, e o torcedor da arquibancada vai ser maioria no colégio eleitoral. Isso muda o perfil. O melhoramento da infraestrutura de Xerém também me dá muito orgulho, assim como o controle das dívidas.
 Peter Siemsen e Pedro Antonio Fluminense (Foto: Bruno Haddad/Divulgação FFC) 
Peter Siemsen e Pedro Antonio no terreno onde será o CT do Fluminense, na Barra (Foto: Bruno Haddad/Divulgação FFC)

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