quinta-feira, 5 de novembro de 2015

20º Título Estadual 1971

Texto abaixo extraído do site oficial do Fluminense FC
Faltando 4 rodadas para o final do torneio, o alvinegro possuía 4 pontos de vantagem sobre o tricolor mas, com os empates contra o Bonsucesso e o América e a derrota para o Flamengo, chegou a partida final jogando pelo empate.
O Fluminense, calçando as sandálias da humildade, segundo já dizia o grande Nélson Rodrigues, chegou ao título máximo, derrotando na partida final o Botafogo que era o franco favorito, pelo placar de 1 x 0.
Os Jogos
Fase de Classificação (grupo A contra o B)
Fluminense 1 x 1 Portuguesa
Local: Maracanã
Data: 06/03/1971
Juiz: Nery José Proença
Gol do Flu: Flávio (de pênalti)
Fluminense 0 x 0 América
Local: Maracanã
Data: 13/03/1971
Juiz: José Mário Vinhas
Fluminense 3 x 1 Vasco da Gama
Local: Maracanã
Data: 22/03/1971
Juiz: José Mário Vinhas
Gols do Flu: Denílson, Lula e Marco Antônio
Fluminense 1 x 0 Bonsucesso
Local: Maracanã
Data: 25/03/1971
Juiz: Carlos Costa
Gol do Flu: Jair
Fluminense 2 x 1 Campo Grande
Local: Maracanã
Data: 31/03/1971
Juiz: Carlos Floriano Vidal
Gols do Flu: Ivair e Cafuringa
Fluminense 0 x 0 Flamengo
Local: Maracanã
Data: Carlos Costa/1971
Juiz: Carlos Costa
Primeiro Turno – Segunda Fase
Fluminense 0 x 0 Olaria
Local: Maracanã
Data: 10/04/1971
Juiz: José Aldo Pereira
Fluminense 0 x 1 Botafogo
Local: Maracanã
Data: 18/04/1971
Juiz: Carlos Costa
Fluminense 3 x 2 Bangu
Local: Maracanã
Data: 22/04/1971
Juiz: Valquir Pimentel
Gols do Flu: Lula, Flávio e Ivair
Fluminense 1 x 1 Vasco da Gama
Local: Maracanã
Data: 25/04/1971
Juiz: José Marçal Filho
Gol do Flu: Flávio
Fluminense 0 x 0 América
Local: Maracanã
Data: 01/05/1971
Juiz: Geraldino César
Observação: O Flu ganhou os pontos do América em virtude da escalação irregular, pelo time de Campos Sales, do jogador Renato.
Fluminense 3 x 1 Bonsucesso
Local: Maracanã
Data: 07/05/1971
Juiz: Carlos Floriano Vidal
Gols do Flu: Wilton (2) e Ivair
Fluminense 1 x 1 Flamengo
Local: Maracanã
Data: 15/05/1971
Juiz: José Marçal Filho
Gol do Flu: Ivair
Segundo Turno
Fluminense 4 x 0 Bonsucesso
Local: Maracanã
Data: 22/05/1971
Juiz: José Mário Vinhas
Gols do Flu:
Fluminense 3 x 3 Olaria
Local: Maracanã
Data: 30/05/1971
Juiz: José Marçal Filho
Gols do Flu: Ivair (2) e Toninho
Fluminense 0 x 0 Bangu
Local: Maracanã
Data: 06/06/1971
Juiz: José Mário Vinhas
Fluminense 3 x 1 América
Local: Maracanã
Data: 12/06/1971
Juiz: Aírton Vieira de Moraes
Gols do Flu: Ivair (2) e Lula (pênalti)
Fluminense 2 x 0 Vasco da Gama
Local: Maracanã
Data: 16/06/1971
Juiz: José Aldo Pereira
Gols do Flu: Wilton e Flávio
Fluminense 2 x 0 Flamengo
Local: Maracanã
Data: 20/06/1971
Juiz: José Aldo Pereira
Gols do Flu: Lula e Ivair
Fluminense 1 x 0 Botafogo
Local: Maracanã
Pagantes: 142.339
Data: 27/06/1971
Juiz: José Marçal Filho
Gol do Flu: Lula

Resumo:
Clubes participantes: 12 (doze)
Campanha: 20 jogos, 10 vitórias, 9 empates, 1 derrota, 30 gols a favor, 13 contra, com saldo positivo de 17 gols
Time base: Félix – Oliveira – Galhardo – Assis – Marco Antônio – Denílson – Didi – Wilton (Cafuringa) – Flávio – Ivair e Lula.
Artilheiro do Campeonato: Paulo César Lima, com 11 gols (Botafogo)
Artilheiro do Fluminense: Ivair (o príncipe), com 9 gols
Técnico: Mario Jorge Lobo Zagallo
Presidente do Fluminense: Francisco Laport




A JOGADA QUE FICARÁ PARA SEMPRE NA MEMÓRIA
CRÔNICA PUBLICADA NO PAVILHÃO TRICOLOR
Fonte: Jornalheiros
Rio de Janeiro, 27 de junho de 1971.

Amigos, as manchetes cariocas berram a verdade eterna: o Fluminense é o campeão de 71. Diante de mais de 140 mil pessoas num Maracanã lotado, o Tricolor venceu o Botafogo por 1 a 0, dramaticamente, com gol de Lula aos 43 minutos do segundo tempo.

Antes de contar a história do jogo final, cabe contar a história de todo o campeonato. O Botafogo era, desde a rodada inaugural, o grande favorito. No início da temporada, o alvinegro contratou o lateral Paulo Henrique e também os tricampeões Carlos Alberto e Brito. É bom lembrar que o plantel já contava com as estrelas de Jairzinho e Paulo Cézar Lima. E a campanha avassaladora foi comprovando o favoritismo botafoguense.

No primeiro turno, no dia 18 de abril, aconteceu o primeiro clássico vovô, para 100 mil pessoas no Maracanã. Segundo o Jornal dos Sports, o árbitro Carlos Costa inventou um pênalti em Jairzinho, aos 18 minutos do primeiro tempo. Paulo Cézar Lima marcou então o gol único da vitória do Botafogo.

O quadro de General Severiano vivia a euforia que precede as grandes catástrofes. O timaço voava em campo e ninguém mais via como perder o título. Paulo Cézar Lima chegou a posar para a Revista Placar com a faixa de campeão no peito. O Fluminense seguia vencendo alguns jogos e empatando outros (a única derrota fora a do pênalti roubado). A 4 rodadas do fim, o Botafogo tinha 4 pontos a mais que o Tricolor. A vantagem parecia mesmo intransponível.





No dia 10 de junho, o Botafogo venceu o Olaria por 3 a 2. Dois dias depois, o Fluminense ganhou do América por 3 a 1. A vantagem permanecia em 4 pontos, faltando 3 rodadas para o término do certame. A certeza do título crescia para cada alvinegro.

Porém, no dia 13 de junho, o Botafogo perdeu para o Flamengo por 2 a 0. Três dias depois, o Fluminense bateu o Vasco por 2 a 0. A camisa tricolor começava a se impor na hora certa. A vantagem botafoguense caía de 4 para 2 pontos.

No dia 19 de junho, um Botafogo pressionado não conseguiu mais do que empatar com o América (1 a 1). No dia seguinte, um Fla-Flu eletrizante e mais uma vitória tricolor: 2 a 0. A vantagem alvinegra era de apenas um ponto, faltando apenas o jogo final, entre... Fluminense e Botafogo!

E então chegou o grande dia. Convocados pelas crônicas de Nelson Rodrigues, os tricolores subiram as rampas do Maracanã. Nas arquibancadas, gerais e cadeiras, aconteceu uma tempestade de bandeiras tricolores e de pó-de-arroz. Os alvinegros também se faziam presentes do outro lado e confiavam no título, pois para eles só faltava um empate. Já o Fluminense precisava vencer, a todo custo.

As declarações dos jogadores aos trepidantes das rádios mostravam que a rivalidade estava à flor da pele. O ponta Zequinha, do Botafogo, afirmou: O Botafogo não perde essa decisão para o Fluminense de jeito nenhum. O lateral Marco Antônio, do Fluminense, declarou: Chegou a hora de ver quem é o bom. Eles falaram o campeonato inteiro, dizendo que as faixas já estavam prontas e tudo mais. Agora vão decidir com o Fluminense, o que não é bola e eles sabem disso.

O primeiro tempo foi um jogo estudado, uma partida de xadrez jogada entre as intermediárias. O único lance perigoso foi a cobrança de falta do tricolor Lula, que raspou na trave do goleiro alvinegro Ubirajara. O Botafogo sofreu uma baixa importante: Carlos Alberto se machucou em choque com Marco Antônio e teve que ser substituído por Mura. No intervalo, a apreensão tomava conta das mais de 140 mil almas presentes no Estádio Mário Filho.

Veio então o segundo tempo, trazendo os últimos 45 minutos do campeonato. O Fluminense lançou-se todo para o ataque: Zagallo pôs Flávio, o herói de 1969, no lugar de Didi. O Botafogo plantava-se na defesa, jogando com o regulamento. Mas seus contra-ataques levavam muito perigo. Aos 10, Zequinha teve boa chance, mas Assis o desarmou na hora exata. A cada minuto que se escoava, o Botafogo se aproximava da taça, e o Fluminense dela se distanciava. Aos 24 minutos, Assis derruba Paraguaio na entrada da área. Paulo Cézar Lima bate com violência, mas Félix voa e espalma a córner. Quanta emoção, quanta dramaticidade!

Faltavam dois minutos para o fim quando aconteceu a jogada que ficará para sempre na memória de todos. Oliveira centra da direita. Flávio empurra Brito. O zagueiro tricampeão no México cai dentro do gol. Marco Antônio dá o salto mais alto de sua carreira e encosta no goleiro Ubirajara. A bola sobra limpa para Lula, que a empurra para as redes. Aquela era a bola do campeonato. Gol! Gol do Fluminense! O árbitro José Marçal Filho corre para o centro do campo, confirmando o tento. Os jogadores botafoguenses reclamam muito. Carlos Roberto é expulso. Os tricolores, que nada têm a ver com isso, comemoram bastante.





O jogo termina, e o Fluminense de Zagallo é mesmo o campeão. O Velho Lobo, dispensado meses antes pelo Botafogo, não perdoa os dirigentes alvinegros. Ele declarou ao Jornal dos Sports: Essa foi uma vitória dupla porque foi sobre um clube, e não me refiro ao Botafogo em si, dirigido por homens que me apunhalaram pelas costas. Agora sim, estou vingado".

Décadas depois, um amigo deste escriba perguntaria a Jairzinho, craque alvinegro que não pôde jogar a decisão, se houve falta no lance fatídico. A resposta de Jairzinho entra para o folclore da batalha: Não foi uma falta; foram trinta faltas. O choro dos botafoguenses continua até hoje. Mas por que eles não se lembram do jogo do primeiro turno, daquele pênalti inventado sobre Jairzinho? Enfim, a discussão ocupará eternamente as esquinas e os botecos do Rio de Janeiro.

O que importa é o troféu de 1971. Ele sorri, feliz, pois repousará eternamente na Rua Álvaro Chaves, ao lado de tantos outros.

PC

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