terça-feira, 8 de outubro de 2019

Mário Bittencourt, o presidente envolto em dívidas, tentando administrar um clube

Fluminense: Samorin cobra dívida de R$ 12 milhões e ameaça ir à Fifa

Fonte: FOX Sports 20/09/2019
Clube eslovaco notificou o Tricolor das Laranjeiras quanto ao valor, referente à sua parceria com os cariocas. 
Gazeta Press A diretoria do Fluminense não para de enfrentar problemas financeiros. Dessa vez ele vem da Europa, onde o clube Samorin, da Eslováquia, notificou o clube carioca por uma dívida de 2,5 milhões de euros (cerca de R$ 12 milhões). O valor é referente a aportes de dinheiro que o Tricolor deveria dar aos eslovacos enquanto durou a parceria, o que não teria sido realizado.
A dívida era desconhecida pelo presidente Mário Bittencourt, que entrou em contato com os dirigentes eslovacos para entender a situação.
“Eu não sabia da dívida e fiquei assustado pois não temos esse dinheiro, que hoje é uma fortuna para nós. Eles então relevaram que se tratava de aportes financeiros que o Fluminense deveria dar. Inclusive um deles, pasmem, era para ajudar o Samorim a construir seu próprio estádio (o Fluminense não possui estádio)”, disse Mário.
As primeiras conversas entre Mário e os dirigentes eslovacos não foram positivas e o clube europeu deve ir à Fifa em busca do dinheiro. Eles não aceitaram esperar pela venda dos direitos de jogadores da parceria.
“A minha sugestão foi pagar esta dívida com parte dos direitos de jogadores que participaram do projeto, já que somos parceiros. Eles não aceitaram e agora ameaçam ir à Fifa”, revelou o presidente do Fluminense.
https://www.foxsports.com.br/news/425583-fluminense-samorin-cobra-divida-de-rs--milhoes-e-ameaca-ir-a-fifa
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Dívidas e problemas: a nova realidade de Mário e Celso no Fluminense

Fonte: Lance 09/06/2019
Após vitória nas eleições, dupla retorna ao clube das Laranjeiras; panorama, desta vez, é praticamente oposto ao vivido em anos anteriores na própria instituição
 Mário Bittencourt e Celso Barros são figuras conhecidas dentro do Fluminense. Após a vitória eleitoral no último sábado, nas Laranjeiras, o primeiro se tornou presidente e o segundo o vice-geral, encabeçando a Chapa "Tantas Vezes Campeão", que venceu as eleições com grande parte dos votos.
Os dois voltam a estarem, ao mesmo tempo, no Fluminense. Em 2009, Mário Bittencourt foi gerente de futebol e Celso Barros era presidente da Unimed, patrocinadora máster do clube à época, e possuía voz ativa na maioria das decisões que aconteciam dentro do clube. Naquele tempo - apesar do Tricolor ter brigado contra o rebaixamento no Brasileirão - o poder financeiro, muito por conta do aporte do patrocinador, era grande. Tanto que, no ano seguinte, o clube das Laranjeiras foi campeão nacional.
Dez anos depois, porém, a realidade é praticamente oposta: o Fluminense não possui um patrocinador master e tampouco convive com um poder financeiro. Muito pelo contrário, o Tricolor possui uma das grandes dívidas do futebol brasileiro e precisa se reinventar neste sentido para reforçar o elenco. Após a divulgação dos resultados, Mário Bittencourt comentou sobre a Unimed, que cobra valores de dívidas na justiça.
  O Fluminense precisa reparar muitas coisas, principalmente organizar suas dívidas, entre outras coisas. O Celso fez parte da patrocinadora durante muito tempo. A patrocinadora busca seus direitos e o Fluminense se defende. Na época o Celso saiu da presidência e caso tenha uma decisão a favor do Fluminense, ficarei feliz. Caso contrário, vamos buscar honrar os compromissos - admitiu o novo presidente.
A nova realidade traz dívidas e problemas ainda maiores. A busca por resolver as questões financeiras será a prioridade, de acordo com os dois, seja pela procura de novos patrocinadores ou negociando os débitos negativos. Mário Bittencourt, indo mais à frente, afirma que a marca do clube é representativa e que vai buscar uma melhor relação com as pessoas "do outro lado" da relação.
- As pessoas comentam comigo que o problema não é estar devendo, mas sim o jeito que trata os credores. Não dá uma satisfação, uma atenção a esses problemas. A nova realidade vai depender de nós. O Fluminense está mais vivo do que nunca e apenas em uma candidatura tivemos diversas conversas. Nossa marca é muito atrativa. Nós somos a história. As pessoas que sentam nessa cadeira precisam entender a grandeza do clube - completou.
 https://www.lance.com.br/fluminense/dividas-problemas-nova-realidade-mario-celso.html
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O PREJUÍZO DE GESTÕES PASSADAS


AS FINANÇAS DO FLUMINENSE EM 2018:NEM AUSTERIDADE E VENDA DE ATLETAS SALVAM O CLUBE DA CRISE
Fonte: GloboEsporte.com por Rodrigo Capelo19/07/2019
TOPO

Poucos presidentes tiveram anos tão intensos e desgastantes quanto Pedro Abad. Como presidente do Fluminense, o dirigente passou por todo tipo de situação. No futebol,rescindiu com jogadores icônicos  e sofreu com maus resultados, decorrentes da falta de investimento. Para a opinião pública, tornou-se uma espécie de personificação da crise tricolor. "Fora, Abad!", gritavam as arquibancadas. Na política, foi ameaçado de impeachment e pressionado para renunciar.Acabou por antecipar as eleições para deixar o cargo numa terceira via menos dolorosa. Abad saiu. E agora todos poderão descobrir se ele era a razão da crise.
A fulanização induz o público a achar que o problema é a pessoa, não o sistema. No Fluminense é ainda mais fácil ser induzido a ela. Abad fez a parte dele para ganhar a antipatia da torcida. Desde a sua chegada na presidência, austeridade deve ter sido a palavra mais pronunciada por ele. Tem coisa mais grave do que corte de gastos e reforços pouco expressivos? Contribui a falta de habilidade do dirigente na oratória e na maneira de defender publicamente a sua mentalidade. Apoiado pelo ex-presidente Peter Siemsen e ex-membro de seu conselho fiscal, Abad tinha a pecha de continuidade de uma gestão temerária. Foi fácil odiar Abad.
Títulos recentes e uma certa ignorância sobre a história tricolor também facilitam a fulanização. O Fluminense foi campeão brasileiro duas vezes, com times repletos de ídolos, e disputou até final de Libertadores. O futebol deu a impressão de que as coisas iam bem, por mais que todos soubessem que as conquistas estavam vinculadas ao patrocínio da Unimed. Na realidade, o clube nunca se recuperou das crises – financeira, esportiva e política – pelas quais passou nos anos 1990.
Nos 17 anos percorridos desde 2002 até 2018, o Fluminense teve prejuízo em 16 deles. Apesar dos troféus e dos ídolos, não fechou a conta nem nas melhores temporadas. Durante todo esse período, o endividamento sempre representou quatro vezes o faturamento – e nem dá para garantir que os números informados nos balanços eram totalmente verdadeiros. Como se você somasse todos os salários que tem a receber por um ano inteiro de trabalho, e as suas dívidas fossem quatro vezes maiores. A vida pôde ser mais confortável enquanto um tio pagou as suas contas, mas você, mesmo, sempre esteve quebrado.
Em todo esse período, houve apenas um ano razoavelmente positivo. Em 2016, último da administração de Siemsen. A relação entre receitas e dívidas foi menor do que duas vezes. Só que o retrato não condizia com a realidade. Por um lado, aquele foi o ano em que o Fluminense recebeu R$ 80 milhões em luvas (prêmio) por um novo contrato de televisão. Por outro lado, o balanço não reconheceu dívidas trabalhistas que só foram trazidas à luz mais tarde, quando uma nova auditoria externa foi contratada para passar um pente fino no endividamento. O ônus da apresentação do quadro realista para torcida e mercado coube a Abad.
Décadas de problemas financeiros crônicos desaguaram na crise atual, em que salários de jogadores e funcionários atrasam aos meses  ao mesmo tempo em que a torcida exige reforços. Período no qual nos concentraremos com um pouco mais de detalhe daqui em diante.
Na arrecadação, o Fluminense tem grande dificuldade para fazer dinheiro a partir de seu departamento comercial – justo a área que esteve resolvida por mais de uma década, enquanto teve todo seu uniforme vendido para a Unimed. Em 2018, o clube chegou ao valor mais baixo arrecadado com patrocínios em pelo menos dez anos.
Receitas diretamente ligadas à torcida também caíram. Bilheterias, sócios torcedores e quadro social rendem pouco dentro do orçamento tricolor, proporcionalmente, e muito menos quando comparados ao Flamengo. Nenhum dos dois possui estádio próprio para disputar partidas de primeira divisão, ambos dependem do Maracanã, mas os flamenguistas fazem três vezes mais dinheiro com a torcida.
Neste quadro, só existe uma fonte de receita estável e confiável. A televisão. Direitos de transmissão foram reajustados recentemente e em 2018 representaram 40% do faturamento. Só que os cerca de R$ 100 milhões são insuficientes para colocar o time em campo e ainda dar conta das dívidas deixadas por administrações passadas.
O Fluminense, então, recorre às transferências de jogadores e tem o mérito de fazê-las em volume relevante. Na temporada passada, foram recebidos também cerca de R$ 100 milhões líquidos de participações de empresários. Na administração de Abad, inclusive, este valor triplicou em relação ao que vinha sendo produzido por Siemsen antes dele.
Correto seria montar um orçamento que não precisasse das vendas de jogadores, mas, no caso de um clube que pretende não ser rebaixado para a segunda divisão, seria impossível fazê-lo com R$ 100 milhões a menos. E aí não há solução fácil. Se as receitas com patrocínios, bilheterias e sócios torcedores não aumentam consideravelmente, o dirigente precisa reduzir custos literalmente para não quebrar.
Abad praticou a austeridade que prometeu. A folha salarial do futebol profissional foi reduzida duas vezes consecutivas em seus dois anos de mandato.Com a décima folha da primeira divisão, fica difícil esperar por muito mais do que o meio da tabela. O presidente também cortou gastos administrativos. E mesmo assim o Fluminense continuou a fechar com prejuízos ambos os exercícios fiscais, 2017 e 2018.
A operação em si – esta conta básica entre receitas e despesas, que termina no vermelho todo ano – é só a parte superficial da análise financeira. Mais difícil ainda, sobretudo no caso do Fluminense, é o endividamento e os impactos que ele gera sobre a administração em seu cotidiano. Neste aspecto, embora carregue o mérito de ter revelado dívidas que vinham sendo ocultadas, Abad carrega os piores resultados.
Apesar dos esforços em reestruturar o endividamento, por meio de acordos com credores e da manutenção de acordões como o Ato Trabalhista e o Profut, a última diretoria viu o endividamento continuamente ficar mais grave. Não se trata só do número bruto. Ao classificar as dívidas conforme o prazo para o pagamento delas, encontra-se que o endividamento tricolor de curto prazo piorou muito.
O Fluminense que começou a temporada de 2019 tinha nada menos do que R$ 265 milhões em dívidas de curto prazo, que precisariam ser pagas nos 12 meses seguintes. Mesmo que a cota de televisão e toda a venda de atletas fossem destinadas apenas para pagar dívidas, sem considerar despesas do cotidiano, seria impossível pagar todo mundo.
A tradução de todos esses números em realidade funciona da seguinte maneira. O Fluminense começa a temporada com salários e décimo terceiro atrasados, pressionado pela torcida para fazer contratações e ter uma performance condizente com sua importância histórica. Não dá para contratar ninguém com custos para a compra de direitos federativos. Pelo contrário, é preciso vender.

E o clube vende. Saem Ibañez, Ayrton Lucas, João Pedro, Sornoza e Léo Peé.
A soma de todas essas transferências é relevante, chega a quase R$ 76 milhões, mas o clube mal vê a cor do dinheiro. Quando são subtraídos os repasses de direitos econômicos e as comissões para terceiros, este valor cai para R$ 38 milhões. Não acabou aí. As dívidas protestadas na Justiça fazem com que sejam aplicados bloqueios e penhoras sobre este valor. Quando são descontadas essas penhoras, sobram R$ 5 milhões.
Uma vez que o marketing e a torcida contribuem pouco para as contas, e a verba da televisão já foi usada em outras obrigações, é desse dinheiro obtido com atletas que precisam sair os pagamentos de salários atrasados. Antes deles, no entanto, são separados R$ 1,2 milhão para honrar com o Ato Trabalhista e R$ 700 mil para pagar o Profut. Essas dívidas estão representadas no gráfico abaixo, a primeira entre as trabalhistas, e a segunda como fiscal. Se não forem ambas levadas a sério, penhoras e bloqueios aumentam e agravam a situação.
Sobraram pouco mais do que R$ 3 milhões para pagar os salários atrasados. Pronto, não há mais nada a deduzir sobre aquela venda de seis jogadores importantes para o elenco profissional. O dinheiro não é suficiente nem para pagar um mês. E já não há mais atletas nem para levar ao mercado de transferências, nem para colocar em campo e elevar a chance de sucesso esportivo. Tudo isso aconteceu em 2019.

Mário Bittencourt foi eleito presidente. Junto dele, como vice, está o ex-presidente da Unimed Rio Celso Barros. Ambos têm discursos afinados com a realidade. Na mesma medida em que falam dos problemas financeiros, tentam animar o entorno com a promessa de que “oFluminense está mais vivo do que nunca A responsabilidade que recai sobre eles é imensa. Diante da realidade que se impõe nas finanças, soluções imediatas são improváveis. Levará tempo até que eles consigam tirar o clube da crise. E se não entregarem resultados melhores e mais rápidos do que o antecessor, Pedro Abad, podem como ele ter suas imagens comprometidas pela fulanização que o povo gosta.
https://globoesporte.globo.com/blogs/blog-do-rodrigo-capelo/post/2019/07/19/as-financas-do-fluminense-em-2018-nem-austeridade-e-vendas-de-atletas-salvam-o-clube-da-crise.ghtml

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