Ele
é Celso Barros, o terceiro entrevistado da série “Os Presidenciáveis”,
no BLOG LARANJEIRAS. Prestes a completar 64 anos, o médico retorna a
cena do futebol concorrendo à presidência do Tricolor pela chapa Todos
Pelo Fluminense. Nesta nova missão, é apoiado pelos ídolos Washington
Coração Valente e Deco; por torcedores ilustres, como o cantor e
compositor Ivan Lins; além de nomes conhecidos da política tricolor,
como ex-dirigente Alcides Antunes. Confira abaixo as respostas sobre as
polêmicas e os planos do candidato.BLOG LARANJEIRAS – O Fluminense,
embora tenha saído da UTI no tocante à parte financeira, ainda é um
clube difícil de administrar. Sendo assim, por que pretende ser
presidente? Qual será a diferença entre as gestões Peter Siemsen e Celso
Barros?
Celso
Barros – A diferença essencial será a estabilidade. A gestão do
presidente Peter está marcada pela personalidade dele, completamente
instável. Outra diferença será a existência de um planejamento e de um
projeto para o futebol, que considere o marketing como instrumento
fundamental de captação e o desempenho do time como ferramenta essencial
de marketing. A gestão do presidente Peter nesse quesito é o caos.
Desde a saída da Unimed-Rio, que, na verdade, era o marketing do
Fluminense, o clube não conseguiu encontrar um modelo eficaz. Outra
diferença será a gestão do futebol, que no período do presidente Peter
sempre foi tumultuada. No tempo da Unimed-Rio, a nossa participação deu
algum equilíbrio e experiência.
Uma
crítica da oposição à atual gestão é que, supostamente, ela não enxerga
o clube com seu real tamanho. E qual é o tamanho do Fluminense para
Celso Barros
O
tamanho dos campeonatos que conquistamos juntos. O tamanho da história
de glórias e dos ídolos que no futebol e nos esportes olímpicos fizeram o
Fluminense, que fez de nós torcedores apaixonados.
O
senhor foi afastado e enfrenta questões judiciais em virtude do período
à frente da Unimed Rio. Foi com ela que o Fluminense conseguiu se
reerguer depois de passar pelo momento mais difícil de sua história, no
entanto, num modelo de parceria controverso para muitos. Como se
comportará o Celso Barros, presidente do Fluminense, sem o aporte
financeiro da cooperativa de médicos? Se eleito, trará dirigentes que
estão sumidos do noticiário tricolor nos últimos anos de volta às
Laranjeiras?
Na
Unimed-Rio fui vencido pela política interna, que já vinha tentando
ocupar a presidência há tempos. Venci várias vezes. A Unimed-Rio
patrocinou o Fluminense porque eu estava na presidência da cooperativa.
Por isso, soa estranha a dúvida sobre como eu me comportarei como
presidente do Fluminense sem a Unimed-Rio. Para conceder e manter por 15
anos o patrocínio da cooperativa ao Fluminense, nós elaboramos um
projeto de marketing esportivo, que tornou o patrocínio vantajoso para o
clube e para a patrocinadora. Um modelo que foi case no mercado de
marketing esportivo. Com um projeto igual, teremos patrocinadores, sem
perder a dignidade ou sair pedindo esmolas, como tem feito a diretoria
atual.
Em
caso de vitória no pleito, Washington e Deco trabalharão com o senhor?
Caso sim, em quais cargos e funções? Como o senhor enxerga a estrutura
ideal do Departamento de Futebol do Fluminense? Abel Braga será o
treinador a partir de janeiro de 2017?
Nada
conversamos sobre a composição da equipe. Os apoios que tenho deles é
uma honra pra mim, é fruto do reconhecimento deles da capacidade que
tenho para fazer um bom trabalho. Uma estrutura com poder de decisão,
experiência, conhecimento de futebol e, principalmente, do Fluminense.
Longe de mim passa a proposta de ter um colegiado decidindo. Isso no
futebol, pela dinâmica, é impossível. E não se pode esquecer da
importância do futebol de base, de formação.
Há
algum tempo, a política do clube vive um clima bélico. Quem critica o
desempenho é tachado de “anti-tricolor”. E quem concorda com tudo é
ridicularizado. Se eleito, como o senhor pacificará o Fluminense em
busca de objetivos ainda não alcançados?
O
clima bélico está no Brasil todo, e no Fluminense é ajudado pela
personalidade confusa do presidente e bélica da dupla Mário Bittencourt e
Ricardo Tenório. Mas o Fluminense é, historicamente, um clube que tem
uma tradição diferente. As três cores traduzem a tradição de paz,
esperança e vigor. Pacificar será fácil.
O
senhor não acha que, nos últimos anos, o Fluminense priorizou muito o
crescimento estrutural, que era necessário, mas negligenciou a qualidade
dos times colocados em campo?
O
insucesso no futebol não é fruto de uma opção de investimento. Nunca se
gastou tanto no futebol profissional do Fluminense como nos últimos
tempos com Mário Bittencourt e Peter Siemsen no comando. Os dois têm o
mesmo estilo perdulário.
Xerém
ainda é criticado por produzir poucos jogadores extra-classe em
comparação a outras bases. O último foi Marcelo, um lateral, há dez
anos. Não acha que investimos muito em resultados e marketing e pouco na
formação de craques?
O
futebol de base tem, sim, gerado bons jogadores. O problema está em que
perdulário como é o presidente, os jogadores não duram. Eles fazem
parte do fluxo de caixa do Fluminense, e não de um projeto de
investimento em imagem.
Nos
últimos anos, o Fluminense dependeu muito de empresários, com
investimentos em jogadores questionáveis, que não deram o retorno
esperado. Qual o caminho para o clube não ser refém e não errar tanto
nas contratações, como tem ocorrido?
Inteligência e experiência em futebol. A falta de planejamento, os gastos e contratações feitas no impulso geram os problemas.
Sobre
o Marketing já citado pelo senhor no começo da entrevista, recentemente
o Fluminense firmou contratos pontuais com a Caixa e com a TCL. Como
ser mais agressivo, de modo a alavancar receita e formar times campeões,
em um cenário de crise econômica? O senhor já tem planos concretos para
apresentar à torcida?
Por
que o patrocínio da Unimed-Rio durou tanto tempo? Sem dúvida, porque
eu, um tricolor, estava à frente, mas com um projeto que tornou o
patrocínio vantajoso para a cooperativa e cooperados. É só ver o que era
a Unimed-Rio no início e hoje. Sem um projeto de marketing esportivo
que estimule os patrocinadores pelo retorno financeiro, o Fluminense
implora, bate de porta em porta e se sujeita a qualquer condição. Tem
sido assim, desde 2014.
Como
vê a relação entre clube e DryWorld? Há reclamação principalmente
quanto ao fornecimento. O senhor crê que a aposta foi equivocada, por
mais que o clube tenha lucrado no valor do contrato?
O
Fluminense é completamente opaco, por decisão do presidente, que
precisa da opacidade para esconder as apostas erradas. Tínhamos a
Adidas. Lembro que fomos cobiçados pela Nike no tempo da Copa do Mundo,
mas terminamos na DryWorld. Um ponto bom para examinar nas contas do
Fluminense é saber quanto pagaram de comissão e a quem pela troca.
Em
relação ao Sócio Futebol, não acha pouco que a atuação interna deste
segmento se limite ao voto? O senhor possui planos para este público?
Caso sim, explique.
Quem
é sócio e participa das eleições deve se sentir parte das decisões. Dar
descontos em compras, vantagens na compra de ingressos não é
suficiente. O clube precisa ser transparente para os sócios, nas contas,
nas contratações.
Se
eleito, o senhor herdará o futebol fora das Laranjeiras, mas com o CT
ainda precisando de obras. Sabemos que o projeto é tocado solitariamente
pelo Pedro Antônio. Como é a sua relação com ele? Pretendem seguir
juntos?
Tenho
conversado com o Pedro Antônio. Ele tomou as rédeas do projeto e fez
acontecer. Mas há outro ponto que precisa ser abordado no caso do CT: os
custos de manutenção. O Fluminense precisará estar pronto para eles. É
evidente que os custos com treinos subirão muito. Mas o CT novo é uma
conquista que dará conforto aos jogadores, e esse fato estará nas
negociações para contratar jogadores e comissão técnica.
Sobre
as Laranjeiras, qual o destino o senhor buscará para a ociosidade do
espaço, após a mudança em definitivo para o Centro de Treinamento? O
senhor não considera a possibilidade de adequá-la para jogos de menor
porte, sem abrir mão do Maracanã?
Não
tem como, pelo nível de reformas que serão necessárias e pela
dificuldade certíssima de não conseguir autorização pelo impacto
ambiental e proximidade com o Palácio do Governo. O espaço não ficará
ocioso, porque Laranjeiras é a historia do futebol do Fluminense, que se
confunde com a história do futebol. E em Laranjeiras funcionam duas
outras unidades de negócios do Fluminense: o clube social e os Esportes
Olímpicos. Eles serão readaptados no espaço com o objetivo de gerar
novas receitas.
Em relação ao Flu-Samorin: qual é a análise e a necessidade esportiva que o senhor vê para essa parceria?
Tenho
muita dúvida e prefiro avaliar pela ótica da exposição da marca no
exterior. Sem custo ou com retorno que valha a pena, é possível manter.
Mas tenho dúvida se o projeto não é um equívoco. Mais um do presidente
Peter.
Pessoalmente,
defendi o presidente Peter em medidas tomadas contra a Ferj nos últimos
anos. Como enxerga essa relação? É possível o diálogo ou a tendência é
abarcar cada vez mais clubes alinhados com uma postura moderna,
esvaziando os estaduais?
O
presidente Peter, perdoe-me a franqueza, não tomou medidas contra a
Ferj. Fez muito barulho, criou confusão, mas medida concreta, que
favorecesse o Fluminense ou mesmo o futebol carioca, nenhuma. A Ferj
existe e o Fluminense precisa saber lidar com ela em favor do futebol
carioca.
No
entanto, em relação à CBF e Globo, o presidente Peter se mostrou
conservador e foi a favor da manutenção do status quo. Como Celso Barros
se posiciona frente às mudanças necessárias em nosso futebol?
Novamente,
perdoe-me, mas, na relação com CBF e Globo, Peter Siemsen tem sido
subserviente. O Fluminense nada recebeu dessa relação dele com a Globo e
a CBF que todos os demais clubes não tenham recebido. Sou a favor de
mudanças no modelo de governança dos clubes e é o que eu proponho para o
Fluminense.
Sobre
as organizadas: na Alemanha, cuja Liga tem a maior média de público do
mundo, as organizadas são tratadas como uma espécie de patrimônio,
diferente da criminalização que ocorre no Brasil. No Fluminense,
atualmente elas não são nem sombra do que foram no passado, muito mais
ativas nas decisões e, muitas vezes, fazendo a diferença nos jogos. Como
se dará essa mediação na sua gestão? O senhor é favorável ao fomento
das TOs?
Não
discrimino torcedores e não tolero violência e uso da marca de um clube
para a baderna. Respeito os torcedores de organizadas. Sinto-me como
eles com o mesmo direito de torcer, de vibrar, de me entristecer.
Por fim, qual a mensagem final que Celso Barros deseja deixar aos tricolores?
Uma
mensagem simples: vale a pena trabalhar, participar, vibrar pelo
Fluminense e eu tenho um desejo enorme de ser presidente para continuar o
trabalho que realizei por 15 anos, em favor do time e do clube. Preciso
dos votos dos sócios para chegar lá.
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