quarta-feira, 10 de agosto de 2022

Mário Bittencourt completa três anos com melhora nos cofres e promessas não cumpridas

Mandatário tem sido xingado pela torcida nas arquibancadas e se encaminha para tentar a reeleição no final do ano pelo Flu

 Prestes a iniciar uma nova corrida eleitoral, o presidente Mário Bittencourt completa, nesta sexta-feira, três anos de mandato no Fluminense.  Eleito em 8 de junho de 2019, o dirigente tomou posse oficialmente dois dias depois e de lá para cá viveu dificuldades para equilibrar as contas, aumento no investimento no futebol, turbulências políticas, um título do Campeonato Carioca e foi voz ativa em debates relevantes do futebol brasileiro.



Mário chega aos últimos meses de mandato em clima ruim com a torcida. Xingado em praticamente todos os jogos em casa, o mandatário é cobrado principalmente pelas eliminações nas competições continentais e a venda de jovens de base a preços mais baixos do que o torcedor avalia ser justo. Além de promessas ainda não cumpridas, apesar da melhora financeira do clube.Eleito com a maior quantidade de votos da história do pleito tricolor com 2225, ele tenta retomar a confiança para sonhar com a permanência para o triênio seguinte. A eleição acontece a partir de novembro e Mário ainda não oficializou a candidatura, mas deve tentar a reeleição. Veja a seguir os principais pontos da gestão.


​FINANÇAS

Mário deixou claro no início que as propostas da gestão foram traçadas para os três anos e meio e dificilmente, até pela situação que o clube se encontrava, seriam cumpridas a curto prazo. Com relação às finanças, o programa envolvia organização com responsabilidade e equilíbrio fiscal e a captação de patrocínio e criação de instrumentos para investimentos. A implantação do portal da transparência, lançado no dia 31 de janeiro, também era uma prioridade.

O clube fechou 2021 com um superávit no resultado financeiro de R$22.905 milhões, acima dos R$540 mil de 2020, mas teve um déficit pelo sexto ano consecutivo, desta vez de R$2.059 milhões. O resultado foi considerado positivo pela diretoria, uma vez que houve também uma diminuição do prejuízo, que era de R$2.922 milhões há dois anos. O balanço ainda demonstrou um aumento nas receitas, de R$182.876 milhões para R$291.030, consequência dos ganhos do futebol.

Com relação aos patrocínios, em 2021 houve crescimento das receitas (primeiro ano com patrocínio master), que gerou um aumento de 106%. O clube apresentou um plano para pagamento de dívidas à Justiça e já iniciou o acerto com os credores. Além disso, o presidente acredita precisar de mais três ou quatro anos   (somando sete desde o início do mandato em 2019) para equacionar os cofres. 

No entanto, os salários relativos a maio estão atrasados, além de uma parcela do 13º. Neste momento não há previsão para o pagamento. Os jogadores também têm dois meses de direitos de imagem a receber.
CELSO BARROS

Uma das ideias de Mário com Celso Barros era a extinção da vice-presidência do futebol, deixando a pasta para o ex-presidente da Unimed-Rio, eleito na mesma chapa. Em novembro de 2019, porém, a relação rachou e Barros acabou afastado do comando do departamento. A princípio, a medida seria pelo menos até o final do Brasileirão, mas nada mudou desde então. As divergências entre presidente e vice se tornaram públicas, especialmente com relação à continuidade do técnico Marcão.

Mário acabou isolando Celso do futebol de forma gradual até evoluir para o afastamento completo. A falta de sintonia foi algo comum nos cinco meses de gestão. Se no início o dirigente era discreto, atualmente ele utiliza as redes sociais para criticar as ações do presidente.

PROTAGONISTA EM DEBATES

A torcida entende que o Fluminense poderia ter uma força maior institucionalmente para assuntos como a reclamação com a arbitragem, por exemplo. Por outro lado, o clube tem sido protagonista no debate sobre a criação de uma nova liga no futebol brasileiro. O último capítulo é a criação de um estatuto   do bloco com 25 equipes com seus termos e propostas.

Além disso, houve também o debate sobre a volta do futebol em meio à pandemia da Covid-19, quando o Fluminense foi voz ativa. O clube lutou para que se esperasse a redução dos casos até o retorno das partidas.  A defesa institucional era um dos focos da campanha na última eleição.

VOLTA DE FRED E INVESTIMENTO NO TIME

O investimento no futebol foi aumentando ao longo do tempo, mas as escolhas seguiram sendo contestadas até em 2022, quando a folha salarial atingiu o maior valor. Depois de se livrar do rebaixamento em 2019, a equipe foi eliminada pelo Unión de La Calera na Copa Sul-americana 2020, pelo Atlético-GO na Copa do Brasil do mesmo ano, e vice do Carioca para o Flamengo.

No Brasileiro, porém, a volta à Libertadores depois de oito anos longe. Os reforços na época eram Caio Paulista, Danilo Barcelos, Egídio, Felippe Cardoso, Fernando Pacheco, Henrique, Hudson, Yago Felipe, Michel Araújo, Wellington Silva e Lucca. Quem voltou foi o ídolo Fred, uma promessa de campanha de Mário.

Na temporada 2021, o Fluminense contratou oito jogadores. Entre eles: Wellington, Abel Hernández, Raúl Bobadilla, Manoel, David Braz, Samuel Xavier, Cazares e Rafael Ribeiro. No fim, nova vaga na Libertadores, competição da qual foi eliminado nas quartas de final. Além disso, novo vice-campeonato para o Flamengo e queda nas quartas da Copa do Brasil. 

Para 2022, os nomes foram o goleiro Fábio, o volante Felipe Melo, os atacantes Willian Bigode e Germán Cano, os laterais Pineida e Cris Silva, o zagueiro David Duarte e o meia Nathan.Um perfil já diferente , mas que de nada adiantou. Apesar do título do Carioca tirando o jejum de 10 anos, eliminação na Libertadores e na Sul-Americana.

Projeto contestado, o Sub-23 segue existindo apesar da instabilidade sobre o futuro da competição. Capitaneado por Paulo Angioni, a equipe tem como objetivo ter os jogadores que não tem oportunidade nos profissionais, mas estouraram a idade do sub-20. Com relação a Xerém, inclusive, as promessas eram independência e maior investimento, o que vem acontecendo.

VENDAS DE JOGADORES


Uma das grandes críticas está na negociação de jogadores. Foram 10 no total, incluindo a de Luiz Henrique para o Real Betis, da Espanha. A lista inclui Leandro Spadacio em julho de 2019 para o Shabab Al Ahli, dos Emirados Árabes, por US$ 500 mil dólares (R$ 1,9 milhão na cotação da época), Pedro para a Fiorentina no mesmo ano por € 11 milhões de euros (R$ 50,2 milhões na cotação da época). O Flu levou R$ 36,5 milhões. Rafael Resende também saiu pouco depois por US$ 300 mil dólares (R$ 1,2 milhão na cotação da época) ao Al Sharjah, dos Emirados Árabes, país para o qual também foi Jônatas por US$ 300 mil dólares (R$ 1,2 milhão na cotação da época).

Gilberto saiu em agosto de 2020 para o Benfica, de Portugal, por € 3 milhões de euros (R$ 18,7 milhões na cotação da época). O Flu ficou com cerca de R$ 9,35 milhões. Já Evanilson teve a saída mais polêmica. Com direito federativo pertencente ao Tombense depois de ficar sem perspectiva de renovação nas Laranjeiras, o jogador assinou com o Porto. O Fluminense detinha 10% do atacante, mas com a taxa vitrine (20%) ficou com 30%, levou cerca de R$ 13,5 milhões do negócio.

Dias depois foi a vez de Marcelo Pitaluga, que teve 75% de seus direitos econômicos comprados pelo Liverpool, da Inglaterra, por € 1 milhão de euros (R$ 6,2 milhões na cotação da época), mais € 1 milhão de euros de bônus contratuais. Metinho e Kayky foram vendidos ao Grupo City. O primeiro foi para o Troyes, da França, por € 5 milhões de euros (R$ 33,2 milhões na cotação da época), mais bônus contratuais de até € 8 milhões de euros. O segundo custou €10 milhões de euros (R$ 66,5 milhões na cotação da época) mais bônus de até €11 milhões de euros, além de uma cláusula de opção de compra dos 20% dos direitos restantes por € 5 milhões de euros.

Luiz Henrique foi o último a deixar o Fluminense (sairá no meio do ano). O atacante teve 85% dos direitos econômicos vendidos ao Betis por cerca de € 9 milhões de euros (aproximadamente R$ 50 milhões), mais bônus de até € 4 milhões de euros.

O QUE FALTA


Algumas promessas que não se cumpriram envolvem o voto online. O presidente afirma que estudos vem sendo feitos para a viabilidade, mas até o momento nada avançou. Já com relação a Laranjeiras, no ano passado, o clube contratou uma empresa para fazer um "diagnóstico" da parte estrutural do local. Com o "ok" para a mudança, o mandatário disse que espera que as obras comecem em outubro. A tendência inicial era voltar a ter jogos oficiais no estádio em 2022, mas agora a previsão passou para 2024.

Um dos objetivos era o término da construção do CT Carlos Castilho, o que não será possível ainda nessa gestão. O Fluminense observou diversos problemas na atual estrutura e avalia um custo alto para reparar e finalizar a obra. Com relação ao sócio-torcedor, a promessa acaba de se cumprir com o lançamento de novos planos. Agora falta garantir que a base de adimplentes aumente para ampliar os lucros do clube.

https://www.lance.com.br/fluminense/mario-bittencourt-completa-tres-anos-no-fluminense-com-melhora-nos-cofres-e-promessas-nao-cumpridas.html

Candidatos, Mário Bittencourt e prazos: o cenário atual da eleição do Fluminense

 Fonte: Lance 10/08/2022 Por Luiza Sá 

As eleições presidenciais do Fluminense estão se aproximando e o cenário já começa a se desenhar. Até o momento, o único que já lançou uma pré-candidatura para o cargo no triênio 2023-2025 é o advogado Ademar Arrais, de 51 anos e integrante do grupo político "Ideal Tricolor". A data do pleito ainda será marcada, mas a tendência é que o período de realização seja a segunda quinzena de novembro.

Pedro Antônio, o atual presidente Mário Bittencourt e Ademar Arrais(acima) são os três nomes da política atual do Fluminense 



O atual presidente, Mário Bittencourt, já admitiu que deve disputar a eleição, mas ainda não oficializou a pré-candidatura. Na última entrevista coletiva em junho para falar dos três anos de gestão, o mandatário exaltou o mandato e projetou a participação. Ainda é cedo para avaliar o cenário, mas o dirigente aparece bem cotado, especialmente pelo bom momento do time no campo.

- A gente desenvolveu um plano de gestão que conseguimos executar 60%, 70%. E com a análise de um grande instituição que indica que o trabalho está sendo bem feito no âmbito financeiro. A minha equipe tem muita vontade de seguir. É um lançamento de candidatura? Não. A eleição é só em novembro. Estamos preocupados com a reestruturação e o futebol. É uma tendência que eu seja candidato à reeleição - afirmou na época.

A oposição no momento é de Ademar Arrais, ex-conselheiro do Fluminense nas gestões David Fischel, Roberto Horcades e Peter Siemsen. Nessa última, chegou a ser vice-presidente de planejamento estratégico por alguns meses, mas renunciou por divergências ao modelo de gestão. Nas últimas eleições, o grupo "Ideal Tricolor" apoiou Peter Siemsen em 2013, Celso Barros em 2016, quando Arrais foi coordenador da campanha, e Ricardo Tenório em 2019.

OUTROS DA OPOSIÇÃO

Quem também pode aparecer nesse cenário é Pedro Antonio. Cotado também em 2019, o ex-vice de projetos especiais que dava nome ao CT, hoje chamado de Carlos Castilho, ainda não se pronunciou se será candidato. A presença dele no pleito é uma das grandes dúvidas do momento, mas também um ponto importante. Muitas pessoas nos bastidores acreditam ser o único nome capaz de desbancar Mário.

O milionário ainda analisa seus próximos passos. A única certeza é que ele contratou um estudo sobre a SAF com Pedro Trengrouse por entender que esse é o caminho financeiro para o Fluminense. Pedro Antonio entende que não quer ser mais um aventureiro e, por isso, só vai se candidatar se tiver certeza sobre a gestão.

Um dos planos seria a mudança de estatuto. Além da necessidade para se tornar clube-empresa, os focos seriam responsabilização dos dirigentes por possíveis danos ao clube, o fornecimento mais cedo da listagem de sócios aptos ao voto e também a mudança da obrigação das 200 assinaturas para registro de chapa.

Nesse último ponto, todos os candidatos precisam dessas assinaturas de sócios do clube, sem contar a modalidade sócio-futebol. A oficialização das chapas acontece na primeira quinzena de novembro. Atual vice-presidente eleito e atuante na política tricolor, Celso Barros vinha aguardando o posicionamento do milionário para definir seu papel no processo. A tendência é que seja apenas de oposição, sem ocupar cargos.

O CENÁRIO DO ATUAL PRESIDENTE

A verdade é que, assim como na maior parte dos cenários eleitorais de clubes, o que acontece no campo é parte fundamental do resultado das urnas. Se em algum momento do ano o lado de Mário Bittencourt se mostrou ameaçado, como na queda da Libertadores e da Sul-Americana, agora parece que a reeleição tem mais chances.

Pesa a favor do mandatário a sensação geral de que o momento financeiro melhorou durante a atual gestão, com o pagamento das dívidas, acordos em processos, aumento dos sócios e maior investimento no time. Entretanto, algumas promessas não cumpridas, como o voto online, que ainda não está confirmado para a eleição, e a venda de joias de Xerém por preços considerados ruins vão para o lado contrário.

O PROJETO DE ADEMAR ARRAIS

Como é o único já declarado candidato até o momento, o LANCE! procurou Ademar Arrais para falar mais sobre a candidatura. Veja a seguir as respostas:

Quais são os principais projetos?

- Mudança de mentalidade, cultura e postura, implementação da SAF, contratação de Auditoria Big Four, planejamento estratégico. permanência do Diniz, saída imediata do Angioni e descentralização do comando do futebol. Além disso, obtenção da CND, tratamento diferente para as dívidas, reforma estatutária, plano de prevenção de novos passivos trabalhistas, previdenciários, cíveis e tributários, separação do futebol, olímpico e social, planejamento Estratégico global e por unidades de negócios, Xerém voltado para capacitação não só de jogadores, mas também de técnicos e profissionais em geral, mas voltado única e exclusivamente para o time principal. Blindagem dos atletas e luta pela maior proteção legislativa para os clubes formadores.

Fazer com que empresários, empregados, jogadores, dirigentes e principalmente o Presidente cumpram o seu papel diante da sua esfera de competência. Defender os interesses do Fluminense incondicionalmente nas mais diferentes esferas. Defender os interesses dos torcedores do Fluminense e do próprio clube no enfrentamento dessa verdadeira máfia existente no Maracanã. Apoiar o projeto Laranjeiras XXI, buscar estádio próprio se for viável, deixar de encarar o sócio futebol como sócio doador estabelecendo uma série de vantagens maiores para que não só se associe como permaneça associado. Exemplo: convênios de descontos com hotéis, companhias aéreas, etc, voto online, dar andamento a eventuais acertos da atual gestão procurando melhora/lós e, por fim, ser o último presidente amador do clube.

Qual a sua história dentro do Fluminense?

- Sou carioca, casado, advogado formado pela Universidade Cândido Mendes, com atuação no direito público e privado. Minha trajetória é guiada por uma paixão: o Fluminense Football Club.

Ainda na adolescência, participei da torcida Juventude Tricolor por um pequeno período e em seguida passei para a Young Flu. Em 1996, sem abandonar a arquibancada, decidi que era hora de ter uma participação mais ativa na política do clube.

Fui eleito conselheiro do Fluminense quatro vezes e sempre tive uma atuação firme e independente na defesa incondicional dos interesses do Clube. Em 1999 apresentei um anteprojeto completo que deu início a maior reforma estatutária das últimas décadas, contribui para aprovação da eleição direta para presidência do clube e depois para a criação da categoria de sócio futebol e do seu direito de voto.

Em 2012 fui Vice-presidente de planejamento estratégico por alguns meses, quando promovi um seminário para iniciar um trabalho de planejamento estratégico de curto, médio e longo prazo, que se tivesse sido levado à sério à época hoje já teríamos um Fluminense mais forte e vitorioso. Como não houve seriedade por parte da gestão, renunciei ao cargo e denunciei publicamente o que estava acontecendo.

Aos 50 anos, decidi me candidatar à presidência do clube para liderar um processo de transformação e melhorias que tornem de forma consistente o Fluminense mais forte e campeão, retomando assim o protagonismo que perdeu há tempos no futebol e no esporte brasileiro.

Acha que conseguirá as 200 assinaturas?

- A minha meta não é conseguir juntar 200 fichas. Minha meta é conseguir juntar com a máxima urgência a oposição e lideranças fundamentais para o clube, que infelizmente ainda não consegui, como Pedro Antônio, Dr. Celso Barros, Ricardo Tenório, Marcelo Souto, Dr. Francisco Horta, Dr. Roberto Horcades, Frente Ampla Tricolor, Bruno Freitas, Rafael Rolim, Gilson Mauriti , Nelson Vaz Moreira, Cacá Cardoso, Carlos Eugênio Lopes, Diogo Bueno, Gustavo Marins, Nardo, Michel Simoni, dentre outros grandes tricolores, que juntamente com a liderança de Ney Britto, ex-presidente do IBEF e atual gestor financeiro da Confederação Internacional de Voley, junto a um conjunto de Executivos financeiros poderão nos ajudar nesse grande projeto de transformação, profissionalização e consequentemente melhorias do Fluminense. Conseguindo isso, 200 fichas para o conselho será algo desprezível. Ganharemos a eleição com certeza.

OS PRAZOS

De acordo com o estatuto, só é permitida uma reeleição no Fluminense. As chapas devem ser registradas na secretaria do clube entre os dias 1 e 15 de novembro. A partir daí, todos têm acesso à listagem de sócios aptos ao voto para o pleito.

https://www.msn.com/pt-br/esportes/futebol/candidatos-m-c3-a1rio-bittencourt-e-prazos-o-cen-c3-a1rio-atual-da-elei-c3-a7-c3-a3o-do-fluminense/ar-AA10vqhy?fromMaestro=true

Eduardo Paes comenta projeto do Estádio de Laranjeiras e se coloca à disposição

 Fonte: Isto é  05/08/2022 /Lance Por Luiza Sá 27/07/2022

Nas últimas semanas, o Fluminense  avançou no assunto da reforma de Laranjeiras Em um projeto para cerca de 7 mil pessoas, o clube pretende ter o histórico estádio à disposição para jogos de pequeno porte do Campeonato Carioca e também das duas primeiras fases da Copa do Brasil. Em entrevista ao LANCE!, o prefeito Eduardo Paes (PSD-RJ) afirmou que não chegou a ter conhecimento sobre como será a revitalização, mas se colocou à disposição do Tricolor.

– Tenho a melhor relação do mundo com o presidente do Fluminense. Estamos ajudando no Centro de Treinamento e estou à disposição. Não vi nenhum projeto, não conheço nenhum projeto, mas estou à disposição para ajudar. Os quatro grandes do Rio de Janeiro são muito importantes e merecem a ajuda da Prefeitura – afirmou o prefeito.

Fluminense e Prefeitura, vale lembrar, são bem próximos, especialmente no que diz respeito ao CT Carlos Castilho. Eduardo Paes esteve presente no evento que anunciou o início das obraspara a rua de acesso ao local. Mas há outro assunto em comum e que também envolve os outros grandes da cidade. Como o prefeito do Rio de Janeiro vê a situação do Maracanã?– O Maracanã é de todos. O Vasco manda boa parte de seus jogos em São Januário, mas precisa do Maracanã de vez em quando. O Flamengo precisa com muita constância do Maracanã. Todos precisam do Maracanã. A Seleção Brasileira vai continuar jogando no Maracanã. O Maracanã é um estádio que pertence a todos times cariocas – explicou.

O Fluminense vai seguir em frente na licitação do Maracanã, na qual já formalizou a parceria com o Flamengo  para a disputa. A dúvida que fica dentro do clube é: a postura do Rubro-Negro vai mudar caso o projeto de estádio próprio de fato se concretize? Sobre os planos do rival, Paes reforçou que vai fazer o possível para ajudar na realização.

– O que for preciso para ajudar o Flamengo nós faremos. É importante para o Flamengo ter um estádio. Eu conversei muito com o presidente Landim. É óbvio que o Maracanã tem uma dimensão pública, é o que digo. Ele é mais do que só de um clube. Sempre será do Vasco, do Fluminense, do Botafogo, da Seleção Brasileira. O Flamengo ter o Maracanã sempre terá esse risco de como aconteceu o Vasco e Sport. É um juiz ir lá, entender que há uma dimensão pública e dizer: “Vai jogar, sim.”. É muito difícil organizar uma temporada, com a utilização de um estádio, para um time do porte do Flamengo sem ter seu estádio próprio – afirmou.

POR QUE AS LARANJEIRAS? O PROJETO DO FLUMINENSE COM TOMBAMENTO COMO DESAFIO

Tricolor apresentou parceria com escritório de arquitetura e agora caminha para o início das obras na sede e no estádio, que terá capacidade aumentada para 7 mil pessoas

O Fluminense  está cada vez mais próximo de iniciar as obras de revitalização da sede de Laranjeiras e do Estádio Manuel Schwarz. Desde o anúncio da parceria com um escritório de arquitetura  para o compromisso das reformas, torcedores levantaram questionamentos nas redes sociais sobre diversos pontos do projeto. O LANCE! buscou esclarecer todos eles. O local, a princípio, terá capacidade para aproximadamente 7 mil pessoas.

A obra será custeada apenas com o dinheiro da Lei Estadual de Incentivo à Cultura através da patrocinadora Tim. Os vestiários serão modernizados, as arquibancadas que estão na direção do Cristo Redentor, atualmente muito íngremes, precisam ser remodeladas e a ideia é que o gramado seja sintético. Já houve reunião com as empresas que fazem o campo do Allianz Parque e da Arena da Baixada para falar sobre o assunto.

Como o Fluminense ainda não tem a CND (Certidão Negativa de Débito), que está em processo de obtenção, o clube já tem uma parceria de anos com o IDEC (Instituto para Desenvolvimento do Esporte e da Cultura) para projetos voltados aos esportes olímpicos. O instituto vai ajudar também nessa parte para conseguir viabilizar o projeto incentivado. Além disso, é importante ressaltar que, com relação aos ganhos com o estádio, além da bilheteria dos jogos, há a ideia de ter shows (usando as arquibancadas e o gramado), além da venda de naming rights e outras futuras possibilidades.



Enquanto a reforma estiver acontecendo, as categorias de base e o feminino, que jogam em Laranjeiras atualmente, podem atuar em Xerém. O CT Vale das Laranjeiras já adaptou o campo e há estrutura inclusive para transmissão de TV. Ainda não tem refletores para partidas à noite, assim como na sede social, mas a CBF e a Ferj já autorizaram a realização de jogos no local. Veja a seguir outros pontos.

 

O PROCESSO

Em 29 de janeiro de 2019, o Fluminense divulgou detalhes do trabalho da Encopetro Engenharia Estrutural, que foi contratada com o intuito de dar viabilidade para a revitalização do Estádio das Laranjeiras. O objetivo era avaliar a segurança estrutural para a capacidade de público que as arquibancadas (sociais e populares) conseguem suportar.

Além disso, houve as consultas técnicas aos órgãos como IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e INEPAC (Instituto Estadual do Patrimônio Cultural) para entender os detalhes do tombamento. Posteriormente, começaram as conversas com a Tim para o projeto de incentivo à cultura.

O último processo foi a escolha da empresa de arquitetura que será mais explicado abaixo. O escritório Apiacás foi quem apresentou as melhores condições técnicas e de preço, ou seja, o valor mais baixo dentro do limite colocado. A empresa foi fundada em 2000 e é dirigida pelos arquitetos Anderson Freitas, Pedro Barros e Acácia Furuya. O escritório desenvolve projetos nas áreas institucionais, residenciais e comerciais para os setores público e privado, como diz o site oficial.

Como será um projeto incentivado, o clube precisa realizar no menor espaço de tempo possível e já tem prazos já estabelecidos. Nos próximos 90 dias, espera a entrega do projeto do estádio. Depois disso, tem mais 90 dias para as outras áreas da sede. Com relação ao início das obras, caso o Flu tivesse o dinheiro todo em caixa, poderia começar imediatamente ao final desses prazos. Como depende da Tim para não mexer no fluxo de caixa, o clube espera ir ao mercado orçar com empresas de engenharia e fazer um processo igual ao do escritório de arquitetura.

Nada impede que o Fluminense complemente com outros patrocinadores diretamente ou do caixa do clube, mas a ideia é tocar somente como projeto incentivado.

POR QUE AS LARANJEIRAS?

Um dos questionamentos gerados pela escolha da reforma é: por que não fazer outro estádio maior,como o Flamengo planeja e vem em conversas para tal? Entende-se que o clube, que tem recursos limitados atualmente, tem hoje a prioridade de terminar o CT Carlos Castilho, que segue inacabado, além das reformas em Xerém. Há também a disputa da licitação do Maracanã e o entendimento que a construção engloba um valor muito acima do que hoje se pode arcar.

No final de 2019, quando a atual gestão assumiu o clube, o Maracanã ainda tinha uma relação distante com o Fluminense, que passou a administrar pela primeira vez o estádio em abril daquele ano. Se hoje o contato é mais direto e a relação está bem estabelecida entre o Tricolor e o Flamengo, antigamente, até por conta da dívida inicial com o estádio (que não existe mais), havia um distanciamento.

Não faria sentido, na visão interna, construir um novo estádio tendo o Maracanã e ainda com a possibilidade da revitalização de Laranjeiras para partidas menores. Isso se soma ao pagamento de dívidas, que reforça que o Fluminense sozinho não conseguiria construir um estádio de médio porte. Os estádios para a Copa do Mundo do Brasil em 2014, por exemplo, custaram o seguinte: 295,4 milhões de dólares na Fonte Nova, 601,5 milhões de dólares no Mané Garrincha, 351,4 milhões de dólares na Arena Corinthians. O Sapporo Dome, no Japão, custou 456,3 milhões de dólares. A fonte é um estudo da Play The Game/Danish Institute for Sports Studies/BCB.

LARANJEIRAS XXI

Logo no início da gestão, o grupo Laranjeiras XXI foi ao clube apresentar o projeto da construção de revitalização de Laranjeiras. A ideia, que existe desde 2017, era o estádio para 15 mil pessoas. Ainda na gestão de Pedro Abad, o ex-mandatário alegou falta de condições financeiras para assumir a reforma. Já com Mário Bittencourt, que fez reuniões para entender o planejamento, o grupo montado para analisar entendeu que economicamente e estruturalmente era impossível.

Ainda há um outro ponto fundamental para a decisão do clube. A zona que a sede está é tombada como uma "área vermelha", ou seja, tem restrições extremamente rígidas nos âmbitos municipal, estadual e federal. Também não há possibilidade de construção na Rua Pinheiro Machado pois a vista dos apartamentos no local, alguns com ângulo para o Cristo Redentor, é tombada pelo Inepac (Instituto Estadual do Patrimônio Cultural). Por isso, os 15 mil propostos inicialmente não poderiam acontecer porque a arquibancada não pode subir naquela direção.

Uma das ideias era fazer o destombamento do local. No Rio de Janeiro isso aconteceu apenas com a Marquês de Sapucaí. Em 2011, os camarotes do antigo Setor 2 foram derrubados para dar lugar a novas arquibancadas, seguindo o projeto original de Oscar Niemeyer. Depois, o local foi tombado novamente. O bairro de Laranjeiras está inserido dentro de uma macrozona de ocupação controlada.

Mas o que isso quer dizer? No site da Prefeitura do Rio de Janeiro, a definição das diretrizes de ocupação é: "controle do adensamento populacional e limitação a novas construções. A renovação urbana se dará preferencialmente pela reconstrução ou pela reconversão de edificações existentes e o crescimento das atividades de comércio e serviços em locais onde a infraestrutura seja suficiente, respeitadas as áreas predominantemente residenciais." Ou seja, não são permitidas novas construções. Além disso, o decreto n° 322, de 1976, define a área como zona predominantemente residencial.

Houve uma tentativa de destombamento nos anos 2000, mas foi reprovada na Câmara Municipal.

CAPACIDADE PARA 7 MIL PESSOAS

Muito se criticou nas redes sociais a provável capacidade para sete mil pessoas. Internamente, entende-se que uma das razões para isso é que, hoje, financeiramente esse número é viável. Mas o mais importante é que a empresa de arquitetura contratada ainda vai elaborar o projeto para definir de fato qual será a capacidade final. Pode ser que nos estudos cheguem à conclusão que caberia mais gente. O projeto que irá dizer, mas é improvável que aumente muito.

Esse número foi apontado no primeiro estudo estrutural de engenharia e também pela capacidade histórica do estádio levando em conta as adaptações. Haverá necessidade guarda-corpo na arquibancada, alargamento de locais onde a torcida circula, banheiros, entre outros. O clube ressalta que poderá jogar todo Campeonato Carioca (exceto clássicos, semifinais e finais), além das duas primeiras fases da Copa do Brasil. Com as regras atuais não pode haver expansão da estrutura. 

ESCRITÓRIO DE ARQUITETURA

O Fluminense fez uma RFP (Request for Proposal, ou pedido de proposta), ou seja, uma licitação para escolher a empresa responsável pelo projeto de arquitetura de Laranjeiras. Na última quinta-feira, o clube anunciou a assinatura do contrato com o escritório Apiacás e o IDEC (Instituto para o Desenvolvimento do Esporte e da Cultura), para a revitalização.

O clube chegou a pensar em promover um concurso geral de projetos de arquitetos para a reforma, mas preferiu fazer uma pré-seleção dos 10 a 15 maiores escritórios do país, além de outras indicações. Destes, houve o filtro de quais tinham experiência em restauração de bens tombados e instalações esportivas. Com isso, o clube seguiu nos mesmos moldes de uma licitação pública, mas como carta-convite.

Quatro empresas se apresentaram e três apareceram na sede no momento da abertura das propostas. Mas a escolha interna foi considerando que a Apiacás, além de apresentar as garantias pedidas, tinha um expertise que outras não tinham. Um dos projetos levados pela empresa foi parte da reforma do Estádio Kléber Andrade, em Cariacica, no Espírito Santo.

No edital, ao qual o L! teve acesso, o Fluminense convoca as empresas interessadas para uma reunião em 2 de junho. Há também, em anexo, o mapa das estruturas da sede, o termo de referência, a minuta de contrato e a carta de anuência do INEPAC (Instituto Estadual do Patrimônio Cultural). No convite, o clube esclarece os seguintes pontos:

- O estádio (em sua configuração atual) completou 100 anos de sua construção/edificação;
- Em 1962 houve uma demolição parcial (atrás de um dos gols) para a criação e passagem da Rua Pinheiro Machado como conexão do então novo Túnel Santa Bárbara
(para ligação mais rápida entre as zonas norte e sul da cidade), sendo esta a última grande intervenção no local e conferindo ao estádio o seu formato atual em "ferradura";
- Na década de 80 o clube (em especial o estádio) foi objeto de tombamento nas 03 esferas governamentais (federal, estadual e municipal), sendo considerado um patrimônio histórico da cidade e limitando assim modificações radicais em sua estética e estrutura;
- Ao longo dos últimos 25 anos a manutenção do estádio foi mínima, atinente basicamente à pintura e pequenos reparos pontuais;
- O último jogo oficial de futebol profissional com público e cobrança de ingressos foi há 18 anos;
- Atualmente o estádio é utilizado apenas para jogos das divisões de base, feminino, eventos e mesmo assim com capacidade reduzida (antes de a pandemia obrigar ao fechamento total), bem como restrições de uso do segundo pavimento da arquibancada popular;
- A arquibancada social (em melhor estado de conservação) faz divisa com o edifício sede histórico e, abaixo das mesmas, existe a utilização de espaços voltados à administração interna do clube com diversas salas e estações de trabalho;
- Em 2021 o clube encomendou e já recebeu um extenso trabalho de verificação estrutural, consubstanciado em um laudo final emitido por empresa de engenharia com experiência em restauração e reforço estrutural de imóveis tombados de grande porte, o qual indica a necessidade de reforço para que seja retomada a utilização com público (projetado / desejado de até 07 mil pessoas);
- A fonte recursos pagadora do projeto se dará através de patrocínio via Lei Estadual de Incentivo à Cultura (Lei 8.266 de 2018). Projeto este elaborado pelo IDEC conforme todas normas da lei e seguindo as demandas do Fluminense Football Club;
- Este edital segue o modelo de carta convite e seguirá os critérios de técnica de execução e preço para escolha da empresa mais adequada para execução dos serviços a ser determinada pela Comissão de Seleção deste edital.

O edital ainda ressalta que "Serão consideradas pela comissão todas as propostas cujos os valores globais respeitarem o teto de orçamento de R$ 459.000,00 e o valor mínimo de R$ 229.500,00, abaixo do qual será considerado inexequível diante da complexidade do tema e da necessidade de elaboração do projeto segundo as normas vigentes, incluindo normas de Bombeiros, Polícia Militar, Vigilância Sanitária, Acessibilidade e Cadernos de Encargos para estádios, respeitados todos os tombamentos."

A expectativa do clube é poder realizar alguns jogos oficiais no local a partir de 2024. O estádio Manoel Schwartz, a primeira casa da Seleção Brasileira, foi inaugurado em 11 de maio de 1919 e completou 100 anos em 2019.

O PROCESSO

Em 29 de janeiro de 2019, o Fluminense divulgou detalhes do trabalho da Encopetro Engenharia Estrutural, que foi contratada com o intuito de dar viabilidade para a revitalização do Estádio das Laranjeiras. O objetivo era avaliar a segurança estrutural para a capacidade de público que as arquibancadas (sociais e populares) conseguem suportar.

Além disso, houve as consultas técnicas aos órgãos como IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e INEPAC (Instituto Estadual do Patrimônio Cultural) para entender os detalhes do tombamento. Posteriormente, começaram as conversas com a Tim para o projeto de incentivo à cultura.

O último processo foi a escolha da empresa de arquitetura que será mais explicado abaixo. O escritório Apiacás foi quem apresentou as melhores condições técnicas e de preço, ou seja, o valor mais baixo dentro do limite colocado. A empresa foi fundada em 2000 e é dirigida pelos arquitetos Anderson Freitas, Pedro Barros e Acácia Furuya. O escritório desenvolve projetos nas áreas institucionais, residenciais e comerciais para os setores público e privado, como diz o site oficial.

Como será um projeto incentivado, o clube precisa realizar no menor espaço de tempo possível e já tem prazos já estabelecidos. Nos próximos 90 dias, espera a entrega do projeto do estádio. Depois disso, tem mais 90 dias para as outras áreas da sede. Com relação ao início das obras, caso o Flu tivesse o dinheiro todo em caixa, poderia começar imediatamente ao final desses prazos. Como depende da Tim para não mexer no fluxo de caixa, o clube espera ir ao mercado orçar com empresas de engenharia e fazer um processo igual ao do escritório de arquitetura.

Nada impede que o Fluminense complemente com outros patrocinadores diretamente ou do caixa do clube, mas a ideia é tocar somente como projeto incentivado.

POR QUE AS LARANJEIRAS?

Um dos questionamentos gerados pela escolha da reforma é: por que não fazer outro estádio maior,como o Flamengo planeja e vem em conversas para tal? Entende-se que o clube, que tem recursos limitados atualmente, tem hoje a prioridade de terminar o CT Carlos Castilho, que segue inacabado, além das reformas em Xerém. Há também a disputa da licitação do Maracanã e o entendimento que a construção engloba um valor muito acima do que hoje se pode arcar.

No final de 2019, quando a atual gestão assumiu o clube, o Maracanã ainda tinha uma relação distante com o Fluminense, que passou a administrar pela primeira vez o estádio em abril daquele ano. Se hoje o contato é mais direto e a relação está bem estabelecida entre o Tricolor e o Flamengo, antigamente, até por conta da dívida inicial com o estádio (que não existe mais), havia um distanciamento.

Não faria sentido, na visão interna, construir um novo estádio tendo o Maracanã e ainda com a possibilidade da revitalização de Laranjeiras para partidas menores. Isso se soma ao pagamento de dívidas, que reforça que o Fluminense sozinho não conseguiria construir um estádio de médio porte. Os estádios para a Copa do Mundo do Brasil em 2014, por exemplo, custaram o seguinte: 295,4 milhões de dólares na Fonte Nova, 601,5 milhões de dólares no Mané Garrincha, 351,4 milhões de dólares na Arena Corinthians. O Sapporo Dome, no Japão, custou 456,3 milhões de dólares. A fonte é um estudo da Play The Game/Danish Institute for Sports Studies/BCB.

LARANJEIRAS XXI

Logo no início da gestão, o grupo Laranjeiras XXI foi ao clube apresentar o projeto da construção de revitalização de Laranjeiras. A ideia, que existe desde 2017, era o estádio para 15 mil pessoas. Ainda na gestão de Pedro Abad, o ex-mandatário alegou falta de condições financeiras para assumir a reforma. Já com Mário Bittencourt, que fez reuniões para entender o planejamento, o grupo montado para analisar entendeu que economicamente e estruturalmente era impossível.

Ainda há um outro ponto fundamental para a decisão do clube. A zona que a sede está é tombada como uma "área vermelha", ou seja, tem restrições extremamente rígidas nos âmbitos municipal, estadual e federal. Também não há possibilidade de construção na Rua Pinheiro Machado pois a vista dos apartamentos no local, alguns com ângulo para o Cristo Redentor, é tombada pelo Inepac (Instituto Estadual do Patrimônio Cultural). Por isso, os 15 mil propostos inicialmente não poderiam acontecer porque a arquibancada não pode subir naquela direção.

Uma das ideias era fazer o destombamento do local. No Rio de Janeiro isso aconteceu apenas com a Marquês de Sapucaí. Em 2011, os camarotes do antigo Setor 2 foram derrubados para dar lugar a novas arquibancadas, seguindo o projeto original de Oscar Niemeyer. Depois, o local foi tombado novamente. O bairro de Laranjeiras está inserido dentro de uma macrozona de ocupação controlada.

Mas o que isso quer dizer? No site da Prefeitura do Rio de Janeiro, a definição das diretrizes de ocupação é: "controle do adensamento populacional e limitação a novas construções. A renovação urbana se dará preferencialmente pela reconstrução ou pela reconversão de edificações existentes e o crescimento das atividades de comércio e serviços em locais onde a infraestrutura seja suficiente, respeitadas as áreas predominantemente residenciais." Ou seja, não são permitidas novas construções. Além disso, o decreto n° 322, de 1976, define a área como zona predominantemente residencial.

Houve uma tentativa de destombamento nos anos 2000, mas foi reprovada na Câmara Municipal.

CAPACIDADE PARA 7 MIL PESSOAS

Muito se criticou nas redes sociais a provável capacidade para sete mil pessoas. Internamente, entende-se que uma das razões para isso é que, hoje, financeiramente esse número é viável. Mas o mais importante é que a empresa de arquitetura contratada ainda vai elaborar o projeto para definir de fato qual será a capacidade final. Pode ser que nos estudos cheguem à conclusão que caberia mais gente. O projeto que irá dizer, mas é improvável que aumente muito.

Esse número foi apontado no primeiro estudo estrutural de engenharia e também pela capacidade histórica do estádio levando em conta as adaptações. Haverá necessidade guarda-corpo na arquibancada, alargamento de locais onde a torcida circula, banheiros, entre outros. O clube ressalta que poderá jogar todo Campeonato Carioca (exceto clássicos, semifinais e finais), além das duas primeiras fases da Copa do Brasil. Com as regras atuais não pode haver expansão da estrutura. 

ESCRITÓRIO DE ARQUITETURA

O Fluminense fez uma RFP (Request for Proposal, ou pedido de proposta), ou seja, uma licitação para escolher a empresa responsável pelo projeto de arquitetura de Laranjeiras. Na última quinta-feira, o clube anunciou a assinatura do contrato com o escritório Apiacás e o IDEC (Instituto para o Desenvolvimento do Esporte e da Cultura), para a revitalização.

O clube chegou a pensar em promover um concurso geral de projetos de arquitetos para a reforma, mas preferiu fazer uma pré-seleção dos 10 a 15 maiores escritórios do país, além de outras indicações. Destes, houve o filtro de quais tinham experiência em restauração de bens tombados e instalações esportivas. Com isso, o clube seguiu nos mesmos moldes de uma licitação pública, mas como carta-convite.

Quatro empresas se apresentaram e três apareceram na sede no momento da abertura das propostas. Mas a escolha interna foi considerando que a Apiacás, além de apresentar as garantias pedidas, tinha um expertise que outras não tinham. Um dos projetos levados pela empresa foi parte da reforma do Estádio Kléber Andrade, em Cariacica, no Espírito Santo.

No edital, ao qual o 
L! teve acesso, o Fluminense convoca as empresas interessadas para uma reunião em 2 de junho. Há também, em anexo, o mapa das estruturas da sede, o termo de referência, a minuta de contrato e a carta de anuência do INEPAC (Instituto Estadual do Patrimônio Cultural). No convite, o clube esclarece os seguintes pontos:

- O estádio (em sua configuração atual) completou 100 anos de sua construção/edificação;
- Em 1962 houve uma demolição parcial (atrás de um dos gols) para a criação e passagem da Rua Pinheiro Machado como conexão do então novo Túnel Santa Bárbara
(para ligação mais rápida entre as zonas norte e sul da cidade), sendo esta a última grande intervenção no local e conferindo ao estádio o seu formato atual em "ferradura";
- Na década de 80 o clube (em especial o estádio) foi objeto de tombamento nas 03 esferas governamentais (federal, estadual e municipal), sendo considerado um patrimônio histórico da cidade e limitando assim modificações radicais em sua estética e estrutura;
- Ao longo dos últimos 25 anos a manutenção do estádio foi mínima, atinente basicamente à pintura e pequenos reparos pontuais;
- O último jogo oficial de futebol profissional com público e cobrança de ingressos foi há 18 anos;
- Atualmente o estádio é utilizado apenas para jogos das divisões de base, feminino, eventos e mesmo assim com capacidade reduzida (antes de a pandemia obrigar ao fechamento total), bem como restrições de uso do segundo pavimento da arquibancada popular;
- A arquibancada social (em melhor estado de conservação) faz divisa com o edifício sede histórico e, abaixo das mesmas, existe a utilização de espaços voltados à administração interna do clube com diversas salas e estações de trabalho;
- Em 2021 o clube encomendou e já recebeu um extenso trabalho de verificação estrutural, consubstanciado em um laudo final emitido por empresa de engenharia com experiência em restauração e reforço estrutural de imóveis tombados de grande porte, o qual indica a necessidade de reforço para que seja retomada a utilização com público (projetado / desejado de até 07 mil pessoas);
- A fonte recursos pagadora do projeto se dará através de patrocínio via Lei Estadual de Incentivo à Cultura (Lei 8.266 de 2018). Projeto este elaborado pelo IDEC conforme todas normas da lei e seguindo as demandas do Fluminense Football Club;
- Este edital segue o modelo de carta convite e seguirá os critérios de técnica de execução e preço para escolha da empresa mais adequada para execução dos serviços a ser determinada pela Comissão de Seleção deste edital.

O edital ainda ressalta que "Serão consideradas pela comissão todas as propostas cujos os valores globais respeitarem o teto de orçamento de R$ 459.000,00 e o valor mínimo de R$ 229.500,00, abaixo do qual será considerado inexequível diante da complexidade do tema e da necessidade de elaboração do projeto segundo as normas vigentes, incluindo normas de Bombeiros, Polícia Militar, Vigilância Sanitária, Acessibilidade e Cadernos de Encargos para estádios, respeitados todos os tombamentos."

A expectativa do clube é poder realizar alguns jogos oficiais no local a partir de 2024. O estádio Manoel Schwartz, a primeira casa da Seleção Brasileira, foi inaugurado em 11 de maio de 1919 e completou 100 anos em 2019.


https://istoe.com.br/eduardo-paes-comenta-projeto-de-laranjeiras-e-se-coloca-a-disposicao-do-fluminense

https://www.lance.com.br/fluminense/laranjeiras-fluminense-detalhe-desafios-com-tombamento-horizonte.html